A história do rato de laboratório: do ódio ao amor
DOI:
https://doi.org/10.23925/2178-2911.2019v20espp115-125Resumo
Resumo
O rato está na base de importantes descobertas na área da medicina. Contudo, nem sempre foi bem visto pela sociedade. No século XIV abateu-se sobre a Europa uma pandemia, a Peste Negra, causada por uma bactéria (Yersinia pestis) transmitida ao Homem por uma pulga (Xenopsylla cheopis), cujo hospedeiro era o rato (Rattus rattus). Esta doença vitimou aproximadamente 150 milhões de pessoas. Estava-se longe de imaginar o contributo que o rato viria a ter na saúde humana.No século XVII o rato proliferou descontroladamente, surgindo uma nova profissão: os caçadores de ratos. Estes indivíduos ganhavam dinheiro com a captura e venda destes animais para alimentação. Nessa época apareceu um desporto novo e as apostas a ele associadas: as lutas de ratos. Como resultado desse desporto, aumentaram os acasalamentos consanguíneos e surgiram variações na pelagem do rato, aparecendo os primeiros ratos albinos. Em 1828 foram utilizados os primeiros ratos albinos num ensaio experimental sobre o estudo do efeito do jejum. Mais tarde, em 1906, no Instituto Wistar, Helen Dean King desenvolveu uma estirpe a partir dos ratos albinos, designada de Wistar, para uso na investigação biomédica.Ainda no século XX o uso do rato de laboratório alargou-se a estudos de aprendizagem em labirinto, nutrição, reprodução, genética e cancro, e consequentemente mais estirpes de animais foram desenvolvidas, passando a existir empresas com o propósito de os vender para investigação. A importância desta espécie pode comprovar-se pela análise do número de artigos publicados anualmente com recurso à sua utilização. Neste trabalho apresenta-se uma revisão histórica do uso do rato na investigação, evidenciando-se as caraterísticas que fizeram deste animal um modelo único na pesquisa biomédica.
Palavras-chave: Investigação, Peste Negra, Rattus rattus, Wistar
Abstract
The rat is the basis of important findings in Medicine. However, it was not always well-seen by the society. In the 14th century, the Europe was affected by a pandemic disease, Black Pestis, caused by a bacterium (Yersinia pestis) transmitted to the Man by a flea (Xenopsylla cheopis), whose host was the rat (Rattus rattus). This disease victimized approximately 150 million people. It was far from imaging the contribution that the rat would have for human health. In the 17th century, the rat proliferated wildly, emerging a new job: the rat hunters. These people earnt money with the capture and selling of these animals for food. At that time appeared a new sport and the bets associated to it: the rat fights. Because of this new hobby, the consanguineous mating increased and appeared variations on rat coat, appearing the first albino rats. In 1828 the albino rats were used by the first time in an experimental assay about the fasting effects. Later, in 1906, in the Wistar Institute, Helen Dean King developed a strain from albino rats, called Wistar, for use in biomedical research. Still in the 20th century, the use of laboratory rats was expanded to studies of learning, nutrition, reproduction, genetics and cancer, and consequently more strains were developed by companies with the purpose to sell them for research. The importance of this specie may be evidenced by the analysis of the number of scientific works published annually using it. In this work, a historical review of the use of the rat in the investigation is provided, evidencing the characteristics that made it a unique model in biomedical research.
Keywords: Black Pestis, Investigation, Rattus rattus, Wistar