Geração Espontânea: a controvérsia entre Pasteur e Pouchet em sala de aula.

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DOI:

https://doi.org/10.23925/2178-2911.2021v24p85-111

Resumo

Resumo

Em meados do século XIX, uma controvérsia científica envolveu os naturalistas Louis Pasteur e Félix Pouchet. Sob o cenário de uma França fortemente conservadora e religiosa, os dois franceses entraram em disputa acerca da Geração Espontânea, teoria segundo a qual a vida podia surgir a partir da matéria inanimada. Considerada por muitos uma teoria materialista, costumava ser associada à Evolução darwinista, sendo, então, sujeita a ataques religiosos na época. Pouchet, favorável à Geração Espontânea, e Pasteur, contrário a essa teoria, realizaram diversos procedimentos experimentais e se envolveram em intensa argumentação, disputando, publicamente, um prêmio oferecido pela Academia de Ciências da França. Apesar de se constituir como um importante episódio da História da Ciência, a controvérsia científica protagonizada pelos dois personagens costuma não estar presente no contexto didático. O naturalista Félix Pouchet geralmente não é mencionado em livros didáticos, os quais habitualmente trazem Louis Pasteur como um herói. Pasteur teria sido responsável pela “derrubada” da Geração Espontânea, a qual parece, segundo narrativas escolares usuais, se constituir como uma mera crença apoiada por argumentos frágeis e, portanto, merecidamente descartada. O presente artigo se contrapõe a esse panorama ao apresentar uma proposta didática, embasada na legislação educacional brasileira, que busca oferecer uma aproximação mais adequada em relação ao referido episódio histórico, ao mesmo tempo em que explora questões relacionadas à Natureza da Ciência de forma contextualizada, avigorando a dialogicidade em sala de aula.

Palavras-chave: Controvérsia Científica; Geração Espontânea; Natureza da Ciência.

Abstract

In the mid-19th century, a scientific controversy involved the naturalists Louis Pasteur and Félix Pouchet. Against the backdrop of a strongly conservative and religious France, the two Frenchmen entered into a dispute over the Spontaneous Generation. According to this theory, life could arise from inanimate matter. Considered by many to be a materialist theory, it used to be associated with Darwinian evolution and was therefore subject to religious attacks at the time. Pouchet, in favor of the Spontaneous Generation, and Pasteur, against this theory, carried out several experimental procedures and engaged in intense argumentation, publicly disputing a prize offered by the French Academy of Sciences. Despite being an important episode in the History of Science, the scientific controversy carried out by the two characters is usually absent in the didactic context. The naturalist Félix Pouchet is not usually mentioned in textbooks, which usually feature Louis Pasteur as a hero. Pasteur would have been responsible for the “overthrow” of the Spontaneous Generation, which seems, according to usual school narratives, a belief supported by fragile arguments and, therefore, deservedly discarded. This article opposes this panorama by presenting a didactic proposal, based on Brazilian educational legislation, which seeks to offer a more adequate approach to the aforementioned historical episode, while exploring issues related to the Nature of Science in a contextualized manner, invigorating dialogicity in the classroom.

Keywords: Scientific Controversy; Spontaneous Generation; Nature of Science.

Biografia do Autor

Gessyka Kalen Diniz, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2012, mestranda no curso de Pós Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da UFRN.
Atualmente atua como professora efetiva da rede de ensino municipal da cidade de Parelhas-RN e da rede de ensino estadual do Rio Grande do Norte.

Juliana Mesquita Hidalgo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

É bacharel em Física pela Universidade Estadual de Campinas, mestre em Historia da Ciência (bolsista FAPESP) e doutora em Filosofia/ Filosofia da Ciência (bolsista FAPESP) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Realizou estágios de pós-doutoramento na UNICAMP (bolsista FAPESP) e na PUC-SP (bolsista FAPESP). Foi coordenadora de área do PIBID-Física CAPES na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é professora ( nível associado 3) pesquisadora no Departamento de Física da UFRN, vice coordenadora da Licenciatura em Física, professora orientadora no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática e no Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física - Pólo UFRN. Atua principalmente nas áreas de História da Ciência, História e Filosofia da Ciência no Ensino e Natureza da Ciência.

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Publicado

2021-12-26

Edição

Seção

História da Ciência e Ensino: Propostas e Aplicações para sala de aula