O estudo revisitado das influências genéticas e ambientais na personalidade
DOI:
https://doi.org/10.23925/2178-2911.2022v26p2-32Resumo
Resumo
Este artigo propõe revisitar as origens e o desenvolvimento de um conhecimento preocupado com a compreensão das influências genéticas humanas e ambientais nas diferenças de personalidade. Para tanto, foi necessário retomar os primórdios do estudo da genética do comportamento humano verificando nos trabalhos científicos quando a personalidade se diferenciou dos demais aspectos comportamentais. Por volta de um século e meio de pesquisas sobre o tema foram examinadas e os principais estudos produzidos no século XX e que utilizaram a comparação entre gêmeos como metodologia de pesquisa, foram selecionados. A população de irmãos gêmeos possibilitou, e ainda proporciona uma oportunidade singular de confrontação das diferenças comportamentais, também como a identificação de suas respectivas interferências, uma vez que delimita, já de antemão, amostras com compartilhamento total de genes, no caso de gêmeos idênticos e com compartilhamento parcial, no caso dos gêmeos fraternos. A partir desse direcionamento, os artigos foram submetidos a uma análise de identificação das mudanças de amostragem e metodologia de coleta e análise de dados, bem como dos impasses e avanços no desenvolvimento do conhecimento. Quanto aos resultados, foi possível delinear três principais momentos dessa linha histórica que culminou na construção de uma disciplina científica: primeiramente, apresentou-se os estudos dos anos 1920-40, marcados pelos questionamentos sobre a existência ou não de qualquer influência genética, e sua respectiva verificação por meio do método clássico de comparação e suas correlações estatística; em seguida vieram os anos 50-70, fase de quantificação das respectivas contribuições genéticas e ambientais por meio do coeficiente de herdabilidade; e finalmente os anos 80-90, com a marcante diferenciação dos tipos de influências ambientais, quer sejam de ambientes compartilhado e não compartilhado.
Palavras-chave: Personalidade; Gêmeos; Influência genética; Influência ambiental.
Abstract
This paper proposes to revisit the origins and development of a knowledge that aims to understand the human genetic and environmental influences on personality differences. In order to do that, it was necessary to go back to the beginning of the study of the genetics of human behavior, verifying in scientific works when personality was differentiated from other behavioral aspects. About a century and a half of research on the subject has been examined and the major studies produced in the 20th century and that have used twin comparison as a research methodology, have been selected. The twin population has provided, and still provides, a unique opportunity for confrontation of behavioral differences, as well as the identification of their respective interferences, since it delimits, beforehand, samples with total sharing of genes, in the case of identical twins and with partial sharing, in fraternal twins. Following this direction, the articles were submitted to an analysis in order to identify changes in sampling and methodology of data collection and analysis, as well as the obstacles and advances in the development of knowledge. As for the results, it was possible to delineate three main moments of this historical line that culminated in the construction of a scientific discipline: first, it presented the studies from the 1920-40s, recognized by questions about the existence or not of any genetic influence, and its respective verification through the classical method of comparison and its statistical correlations; then the 1950-70s, a phase of quantification of the respective genetic and environmental contributions through the heritability coefficient; and finally the 1980-90s, with the significant differentiation of the types of environmental influences, whether from shared and non-shared environments.
Keywords: Personality, Twins, Genetical influence, Environmental influence.