Pudim e Átomo são semelhantes?

Autores

  • Emerson Luis Pires Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Jaime da Costa Cedran Universidade Estadual de Maringá
  • Débora Piai Cedran Universidade Estadual de Maringá

DOI:

https://doi.org/10.23925/2178-2911.2023v27espp313-326

Resumo

Resumo

               A compreensão da estrutura da matéria é objeto de interesse humano há séculos e, para tanto, são utilizadas representações científicas denotadas por modelos atômicos. Dentre esses diversos modelos, destaca-se o modelo atômico de Thomson, popularmente conhecido como modelo atômico do pudim de ameixa. Neste modelo, apresentado por Thomson no início do século XX, o pesquisador faz uso de conhecimentos sobre interações eletrostáticas para propor arranjos específicos de n corpúsculos com cargas negativas (elétrons) em uma estrutura esférica com quantidade elétrica positiva igual àquela dada pelo n corpúsculos. Neste modelo, a proposição de um átomo composto por subunidades atômicas é um conceito marcante e de grande importância no desenvolvimento histórico científico da modelagem atômica. Neste trabalho buscamos verificar como a apresentação e desenvolvimento desse modelo ocorre em livros didáticos de Química brasileiros e de alguns países sulamericanos (boliviano, chileno, colombiano e equatoriano) focando o uso de forma didática da história da ciência e a concordância do modelo original com aqueles apresentados nos livros textos. Constatamos que a proposta originalmente apresentada no trabalho publicado por J. J. Thomson em 1906 não é aquela apresentada nos livros didáticos, divergindo em vários aspectos. A proposição de um átomo constituído por unidades subatômicas e, portanto, substancialmente diferente da ideia de um átomo maciço e indivisível que, em geral, vigorava por quase dois milênios não é adequadamente explorada em qualquer texto. Além do fato da divisibilidade do átomo há ainda a questão da disposição específica dos elétrons que, surpreendentemente, não é apresentada em livro algum e sendo distorcida de tal modo que a ideia apresentada é a de um átomo esférico com cargas aleatoriamente distribuídas, assim como as passas dispersas em um pudim. Essa concepção é reforçada pela apresentação de imagens/figuras que de forma alguma correspondem à proposta feita por Thomson. É inegável a complexidade da elaboração de materiais didáticos, pois deve contemplar diversos conceitos, levando em conta diversos contextos, em um espaço limitado. Porém, a apresentação do modelo atômico de Thomson trazida pelos livros didáticos, poderia ser feita de forma que se aproximasse do modelo idealizado pelo cientista inglês e, principalmente, discutir a mudança de perspectiva na compreensão da constituição da matéria trazida pelo modelo que deixa de considerar o átomo como uma partícula indivisível.

Palavras-chave: Modelo atômico, Thomson, Ensino de Ciências

Abstract

Understanding the structure of matter has been an object of human interest for centuries and, to this end, scientific representations denoted by atomic models are used. Thomson's atomic model stands out among these different models, popularly known as the plum pudding atomic model. In this model, presented by Thomson at the beginning of the 20th century, the researcher uses knowledge about electrostatic interactions to propose specific arrangements of n corpuscles with negative charges (electrons) in a spherical structure with a positive electrical quantity equal to that given by the n corpuscles. In this model, the proposition of an atom composed of atomic subunits is a striking concept of great importance in the scientific historical development of atomic modeling. In this work, we seek to verify how the presentation and development of this model occur in Brazilian Chemistry textbooks and those from some South American countries (Bolivian, Chilean, Colombian and Ecuadorian), focusing on the didactic use of the history of science and the agreement of the original model with those presented in the textbooks. We found that the proposal originally presented in the work published by J. J. Thomson in 1906 is different from the one presented in the textbooks, differing in several aspects. The proposition of an atom constituted by subatomic units and, therefore, substantially different from the idea of a massive and indivisible atom that, in general, was in force for almost two millennia is not adequately explored in any text. In addition to the fact of the divisibility of the atom, there is also the issue of the specific arrangement of the electrons, which, surprisingly, is not presented in any book and is distorted in such a way that the idea presented is that of a spherical atom with randomly distributed charges, just like the raisins scattered in a pudding. This conception is reinforced by the presentation of images/figures that in no way correspond to the proposal made by Thomson. The complexity of creating teaching materials is undeniable, as it must encompass different concepts, considering different contexts, in a limited space. However, the presentation of Thomson's atomic model brought by textbooks could be done in a way that would come closer to the model idealized by the English scientist and, mainly, discuss the change in perspective in understanding the constitution of matter brought by the model that fails to consider the atom as an indivisible particle.

 

Keywords: Atom model, Thomson, Science Education

Biografia do Autor

Emerson Luis Pires, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Graduação em Química pela Universidade Estadual de Campinas (1992), mestrado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (1995) e doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (1999). Concluiu Pós-Doutoramento em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas em 2001. Atualmente é professor Adjunto da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Consultor ad hoc da Revista científica Chemistry Education Research and Practice, Catalysis Science and Technology e outras. Tem especial interesse nas áreas de Ensino e Educação (com ênfase em Físico-Química) e Filosofia e História da Ciência.

Jaime da Costa Cedran, Universidade Estadual de Maringá

Possui graduação em Química (Bacharelado (2004) e Licenciatura (2006)) pela Universidade Estadual de Maringá, mestrado em Química pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e doutorado pelo Programa de Pós graduação em Educação para a Ciência e a Matemática na mesma instituição (2015). Atualmente é professor Adjunto da Universidade Estadual de Maringá. Coordenador do Pibid Química, desde 2021. Coordenador Adjunto do curso de Química (2022 - 2024). Orienta no Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática, atuando na área de Ensino de Química

Débora Piai Cedran, Universidade Estadual de Maringá

Possui graduação em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual de Maringá (2004), mestrado (2007) e doutorado (2018) em Educação Para a Ciência e o Ensino de Matemática pela mesma Universidade. Tem experiência na área de Química, com ênfase em Ensino de Química.

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Publicado

2024-01-05

Edição

Seção

3.o Congresso Internacional de História da Ciência no Ensino