Jovens em perigo ou perigosos? Sobre identidades construídas e forjadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v25i46.54226

Palavras-chave:

juventude, identidade, racismo, favela

Resumo

Este artigo reflete sobre valores relacionados à infância e juventude urbana pobre, com base em manifestações identitárias associadas às facções criminais que operam em territórios de favelas no Rio de Janeiro. Os objetivos perseguidos foram reconhecer e desnaturalizar os estereótipos referentes à infância e juventude negra e favelada, bem como destacar violações e violências sofridas por esses sujeitos. O estudo se baseia em levantamento bibliográfico, documental, pesquisas e trabalhos em comunidades sobre violência e criminalização da pobreza.  Como forma de ilustrar as manifestações identitárias e seu conteúdo de denuncia e resistência foram utilizadas letras de funk e pixações. As formas mais contemporâneas de racismo e de preconceitos de classe, geração e pertencimento territorial reeditam o mito das classes perigosas e encontram nas crianças e nos jovens negros periféricos seus destinatários privilegiados. Por considerá-los socialmente ameaçadores são alvos de ações violentas, justificadas pela manutenção da ordem.

Biografia do Autor

Joana Garcia, Escola de Serviço Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Titular da Escola de Serviço Social/UFRJ. Coordenadora do Nucleo de Estudos e Trabalho sobre Familias, infância e Juventude.

Kharine Gil, Escola de Serviço Social ida Universidade Federal do Rio de Janeiro

Assistente de Pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Familias, Infância e Juventudes da Escola de Serviço Social ida Universidade Federal do Rio de Janeiro

Referências

BRASIL. Lei Nº 3410 de 29 de maio de 2000. Dispõe sobre a realização de bailes tipo funk no território do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/b24a2da5a077847c032564f4005d4bf2/756831a75d413aa4032568ef005562d8?OpenDocument&ExpandView. Acesso em: 23 de março de 2021.

BRASIL. Lei Nº 4264 de 23 de dezembro de 2003. Regulamenta os bailes funk como atividade cultural de caráter popular. Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: https://gov- rj.jusbrasil.com.br/legislacao/136141/lei-4264-03. Acesso em: 23 de março de 2021.

BILL, M.; ATHAYDE, C. Falcão: meninos do tráfico. Rio de Janeiro: Ponto de Leitura, 2006.

CORTÉS, T. A. Subcultura, contracultura, tribus urbanas y culturas juveniles: ¿homogenización o diferenciación?. Revista Argentina de Sociología. Buenos Aires, v. 6, n. 11, p. 257-271, nov./dez., 2008.

DAMICO, J. G.; MAYER, D. E. Constituição de Masculinidades Juvenis em “contextos difíceis”: vivências de jovens nas periferias da França. Cadernos Pagu. Porto Alegre, v. 34, p. 143-178, jan./jun., 2018.

DOWNDNEY, L. Crianças do tráfico: um estudo de caso sobre crianças em violência armada organizada no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 7 letras, 2004.

FACINA, A. A sobrevivência de eros. In: Congresso de Sonologia, 2019, São Paulo. São Paulo: USP, 2019.

FERRUGEM, D. Guerra às drogas e a manutenção da hierarquia racial. Belo Horizonte: Letramento, 2019.

GALEANO, A. P.; ALMEIDA, R.; TRINTA, D. F.; DINIZ, G.; MALVASI, P. Tráfico de drogas entre as piores formas de trabalho infantil: mercados, famílias e redes de proteção social. São Paulo: CEBRAP, 2018.

GUEDES, M. “A música que toca é nós que manda”: um estudo do proibidão. Dissertação de mestrado, 2007. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=9975@1. Acesso em: 13 de janeiro de 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. In: Estudos e Pesquisas. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf. Acesso em: 10 de junho de 2020.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Atlas da Violência 2019. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019. Acesso em: 23 de março de 2021.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Atlas da Violência 2020. Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/24/atlas-da-violencia-2020. Acesso em: 23 de março de 2021.

INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Dossiê Criança e Adolescente 2018. Secretaria de Segurança. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://www.isp.rj.gov.br:4431/Conteudo.asp?ident=206. Acesso em: 23 de março de 2020.

LEAL, D. M.; MACEDO, J. P. A penalização da miséria no Brasil: os adolescentes em conflito com a lei. Textos e Contextos. Porto Alegre, v. 16, n. 1, p. 128-141, jan./jul., 2017.

MISSE, M. Malandros, marginais, vagabundos & a acumulação social da violência no Rio de Janeiro. 1999. 413. Doutorado em Sociologia. Instituto Universitário de Pesquisas no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999. Disponível em: https://www.academia.edu/34634074/MISSE_M_MALANDROS_MARGINAIS_E_VAGABUNDOS_acumula%C3%A7%C3%A3o_social_da_viol%C3%AAncia_no_RJ. Acesso em: 23 de março de 2021.

SALES, Mione. “(In)visibilidade perversa: adolescentes infratores como metáfora de violência”. SP: Cortez, 2007.

WACQUANT, L. As prisões da miséria. RJ: Zahar, 1999.

WACQUANT, L. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Tradução: Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2003.

Downloads

Publicado

2021-06-30

Como Citar

Garcia, J., & Gil, K. (2021). Jovens em perigo ou perigosos? Sobre identidades construídas e forjadas. Lutas Sociais, 25(46), 111–120. https://doi.org/10.23925/ls.v25i46.54226