Extrativismo do conhecimento: o caso da cerveja patagônica
DOI:
https://doi.org/10.23925/ls.v25i47.61452Palavras-chave:
extrativismo; cerveja; mapuches; inovação; pesquisa científica e parceria público privada.Resumo
A partir do caso da cerveja H41 Wild Lager, fabricada pela empresa Heineken Supply Chain, estudamos o caráter extrativista que rege as relações entre a investigação científica e a inovação tecnológica da empresa privada. A licença para utilização da levedura Saccharomyces eubayanus foi obtida a partir de uma parceria público privada entre instituições científicas estatais da Argentina e a empresa. A levedura é de uma linhagem original, retirada do fungo Cyttaria harioti, conhecido como “Llao Llao”, usado pelo povo mapuche para a preparação de bebida cerimonial. É um caso paradigmático: o Estado de um país periférico intermedia a transferência de tecnologia dos povos preexistentes para a empresa privada através da investigação realizada com recursos públicos. A empresa terceiriza os serviços de inovação para instituições públicas de países periféricos, sem responsabilidade própria de relações trabalhistas, nem com o ambiente dos territórios.
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