O rompimento da Barragem de Fundão em Mariana-MG após 03 anos: considerações sobre um “crime que se renova”

Autores/as

  • Kathiuça Bertollo

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v22i41.46680

Palabras clave:

Rompimento/crime da barragem de Fundão, luta de classes, mineração extrativista, capitalismo dependente

Resumen

Este artigo aborda o contexto da luta de classes após 03 anos do rompimento/crime da barragem de Fundão em Mariana-MG, ocorrido no dia 05 de novembro de 2015. Tal fato se inscreve na lógica produtivista em contexto de capitalismo dependente. O processo de extração e comercialização do minério de ferro, uma das commodities mais produzidas/extraídas do território brasileiro neste início de século XXI, é conformado pela queda e retomada das taxas de lucro, o que contribui para a perpetuação da dependência e subordinação econômica, política e social deste continente e do Brasil em relação aos países de capitalismo central. Após o rompimento/crime duas posições antagônicas se explicitaram no processo de ressarcimento e reparação dos danos/perdas: a atuação da Fundação Renova, instituição fortemente vinculada às mineradoras que causaram o rompimento/crime, e a perspectiva de luta e reivindicação por parte dos atingidos. Conclui-se que o contexto de luta e resistência é árduo, atravessado por interesses de classes sociais antagônicas que são materializados em trâmites burocrático-institucionais e legal-normativos, o que reafirma a histórica dominação do capital sobre a classe trabalhadora no contexto da mineração extrativista.

Biografía del autor/a

Kathiuça Bertollo

Doutora em Serviço Social pela UFSC. Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mariana-MG, Brasil.

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Publicado

2020-01-02

Cómo citar

Bertollo, K. (2020). O rompimento da Barragem de Fundão em Mariana-MG após 03 anos: considerações sobre um “crime que se renova”. Lutas Sociais, 22(41), 237–251. https://doi.org/10.23925/ls.v22i41.46680