De uma utopia estética a uma estética utópica
a linguagem que pulsa
DOI:
https://doi.org/10.23925/2594-3871.2021v30i2p391-411Palavras-chave:
psicanálise, utopia, estética, linguagem, TarkovskiResumo
Este artigo busca tensionar o significante utopia, a partir de uma articulação com a estética. Com esse intuito, dialogamos, especificamente, com a linguagem cinematográfica, assumindo a premissa de que não aplicamos a Psicanálise ao cinema, mas o cinema à Psicanálise, de modo a construir um percurso mediante o qual podemos escutar os significantes em sua equivocidade. Com a emergência de uma utopia estética, a qual ilustramos com o realismo socialista, entendemos que uma política de linguagem estrita foi colocada em cena, restringindo os jogos com os significantes e, portanto, as possibilidades discursivas. No entanto, nos emaranhados da cultura, entre fechamentos e (re)aberturas, uma estética utópica pode ganhar forma, a qual colocamos para discussão a partir do cinema de Tarkovsky, que aposta em uma linguagem cinematográfica fora dos ditames estéticos vigentes. Nesse sentido, o que está em jogo é a dimensão inventiva da linguagem, o pulsar dos significantes que convocam os sujeitos a posturas distintas.
Metrics
Referências
Andrade, H. F. (2010). O realismo socialista e suas (in)definições. Literatura e Sociedade, 15(13), 152–165. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i13p152-165
Barthes, R. (2013). Aula (L. Perrone-Moysés, Trad.). São Paulo: Cultrix, 2013.
Barthes, R. (2018). A câmara clara: Notas sobre a fotografia (J. C. Guimarães, Trad.; 7. ed.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Bloch, E. (2005). O princípio esperança (N. Schneider, & W. Fucks, Trads.). Rio de Janeiro: Contraponto.
Bondarchuk, S. (Diretor). (1975). Eles lutaram pela pátria [Filme]. Mosfilm. YouTube. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=xfUlR_nuBb4
Boersner-Herrera, A. M. (2010). Representación del intelectual en tiempos de totalitarismo: Ensayo sobre el límite de la obediencia de intelectuales rusos durante la era estalinista (1923-1953). Argos, 27(52), 33–61. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/298925521_Representacion_del_intelectual_en_tiempos_de_totalitarismo_Ensayo_sobre_el_limite_de_la_obediencia_de_intelectuales_rusos_durante_la_era_estalinista_1923-1953
Clark, T. J. (2013). Por uma esquerda sem futuro (J. Viegas, Trad.). São Paulo: 34.
Dadoun, R. (2000). Utopie: L’émouvante rationalité de l’inconscient. In R. Barbanti & C. Fagnart (Eds.), L’art au XXe siècle et l’utopie. Paris: L’Harmattan.
Eisenstein, S. (Diretor). (1925). A greve [Filme]. Goskino. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=VD40vLjRaNA
Foucault, M. (2000). O que são as luzes? In M. B. Motta (Org.), Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento (E. Monteiro, Trad.; Vol. 2; pp. 335–351). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1984)
Frederico, C. (2018). Movimentos artísticos e política cultural. Estudos Avançados, 32(92), 105–118. https://doi.org/10.5935/0103-4014.20180008
Freud, S. (1992). Obras completas (J. L. Etcheverry, Trad.; 2. ed.; Vol. 22). Buenos Aires: Amorrortu Editores. (Trabalho original publicado em 1933)
Freud, S. (2018). O futuro de uma ilusão (R. Zwick, Trad.; 2. ed.). Porto Alegre: L&PM. (Trabalho original publicado em 1927)
Jacoby, R. (2007). Imagem imperfeita: Pensamento utópico para uma época antiutópica (C. Araújo, Trad.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Jameson, F. (1997). As sementes do tempo (J. R. Siqueira, Trad.). São Paulo: Ática.
Khrushchov, N. (1998). The secret speech in the 20th congress of the Communist Party of the Soviet Union [1956, Feb. 24–25]. Recuperado de https://www.marxists.org/archive/khrushchev/1956/02/24.htm
Lacan, J. (1998). Escritos (V. Ribeiro, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Lacan, J. (2008). A lógica do fantasma: Seminário 1966–1967 [Publicação não comercial exclusiva para os membros do Centro de Estudos Freudianos de Recife]. (Trabalho original publicado em 1967)
Marshall, H. (1992). The new wave in Soviet cinema. In A. Lawton (Org.), The red screen: Politics, society, art in Soviet cinema (pp. 173–190). London: Routledge.
Metz, C. (1972). A significação no cinema (J.-C. Bernardet, Trad.; 2. ed.). São Paulo: Perspectiva.
Miranda, A. B., & Sousa, E. L. A. (2018). Psicanálise: Uma vocação utópica. Psicologia USP, 29(1), 106–115. https://dx.doi.org/10.1590/0103-656420140019
Orwell, G. (2009). 1984 (A. Hubner & H. Jahn, Trads.). São Paulo: Companhia das Letras.
Oudart, J.-P. (1977). Dossier Suture: Cinema and suture. Screen, 18(4), 35–47. https://doi.org/10.1093/screen/18.4.35
Rancière, J. (2012). O espectador emancipado (I. Benedetti, Trad.). São Paulo: Martin Fontes.
Saraiva, L. (2006). Montagem Soviética. In F. Mascarello (Org.), A história do cinema mundial. São Paulo: Papirus Editora.
Sousa, E. L. A. (2009). Psicanálise e a vocação iconoclasta das utopias. Morus: Utopia e Renascimento, 6, 397–403. http://dx.doi.org/10.1590/0103-656420140019
Sousa, E. L. A. (2011). Por uma cultura da utopia. E-topia: Revista Electrónica de Estudos sobre a Utopia, 12, 1–7. Recuperado de https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/8907.pdf
Tarkovsky, A. A. (Diretor). (1962). A infância de Ivan [Filme]. Mosfilm. YouTube. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=aRkPoF7iVGc
Tarkovsky, A. A. (2010). Esculpir o tempo (J. L. Camargo, Trad.; 3. ed.) São Paulo: Martins Fontes.
Tarkovsky, A. A. (2012). Diários: 1970–1986 (A. Lázarev, Trad.). São Paulo: É Realizações.
Thompson, K., & Bordwell, D. (2002). Film story: An introduction (2nd ed.). New York: McGraw-Hill.
Vasilyev, S., & Vasilyev, G. (Diretores). (1934). Chapaev [Filme]. Lenfilm Studio. YouTube. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=T6KDKMgALps
Vertov, D. (Diretor). (1929). Um homem com uma câmera [Filme]. YouTube. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=sGanECSgRNE
Weinmann, A. O. (2014). Infância: Um dos nomes da não razão. Brasília: Editora da Universidade de Brasília.
Weinmann, A. O. (2017). Sobre a análise fílmica psicanalítica. Revista Subjetividades, 17(1), 1–11. https://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i1.5187
Zamiátin, E. I. (2017). Nós (G. Soares, Trad.). São Paulo: Aleph.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Maria Lucia Macari, Amadeu de Oliveira Weinmann
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.