Maternidade distante do país de origem

“aqui a gente não tem uma aldeia”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2594-3871.2023v32i2p344-367

Palavras-chave:

maternidade, cultura, migração, rede de apoio, perinatalidade

Resumo

O presente estudo é um recorte de uma pesquisa mais ampla sobre a experiência da maternidade de mulheres brasileiras migrantes. Ele tem como objetivo investigar o apoio recebido por elas no processo de tornar-se mãe. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na qual foram realizadas, em 2022, sete entrevistas com mulheres brasileiras que vivenciaram gestação, parto e primeiro ano de vida do filho (a) em Portugal, Reino Unido, Itália, Espanha e França. Os resultados apontam para a relevância da presença de pessoas que compartilham da mesma cultura de origem na construção da maternidade e na rede de apoio durante a perinatalidade. Conclui-se que o distanciamento da rede familiar, de amigos e de referenciais da cultura de origem da mulher migrante gerou o aumento das sobrecargas psíquica e física inerentes à maternidade. Ao mesmo tempo, de acordo com as participantes, o distanciamento da família e da cultura de origem proporcionou maior liberdade e abertura para a construção da maternidade, provendo novas representações culturais que contribuíram para a construção de sua forma de ser mãe.

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Biografia do Autor

Marina Vasconcellos Rocha, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Especialista em Saúde Perinatal pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Perinatal da UFRJ. Mestranda em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. E-mail: marina.vasconcellos@outlook.com.br

Andrea Seixas Magalhães, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Professora Associada Departamento de Psicologia da PUC-Rio, Pesquisadora CNPq 1C, Cientista do Nosso Estado FAPERJ, E-mail: andreasm@puc-rio.br; Endereço para correspondência: Marquês de São Vicente, 225/201L, Gávea, RJ, Brasil, CEP: 22451-900.

Mariana Gouvêa de Matos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: mariana.g.matos@hotmail.com Endereço para correspondência: Largo do Machado, 29/522 – Catete – RJ. 

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Publicado

2024-01-29

Como Citar

Rocha, M. V., Magalhães, A. S., & Matos, M. G. de. (2024). Maternidade distante do país de origem: “aqui a gente não tem uma aldeia”. Psicologia Revista, 32(2), 344–367. https://doi.org/10.23925/2594-3871.2023v32i2p344-367

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa Empírica