A identidade cristã-nova
Apontamentos para uma tipologia crítica
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2767.2024v80p80-107Palavras-chave:
Cristãos novos, identidade, Inquisição, marranismo, homens de negóciosResumo
Este artigo tem como objetivo discutir a identidade cristã nova entre os séculos XV e XVIII. Explicitamos alguns dos principais elementos dessa identidade e como ela se forjou pelas condições sociais assumida pelo problema dos conversos na Península Ibérica. Essa identidade viva, ativa e em constante transformação era sentida por esses próprios sujeitos históricos, e constantemente reforçada pela Inquisição e pela aplicação dos estatutos de “limpeza de sangue”. Ela se traduzia em ações cotidianas, nas estratégias de negócios e no posicionamento político dos cristãos novos. Nascido na Baixa Idade Média Ibérica, o cristão novo tornou-se referência de modernidade, seja pela consciência do tempo em que vivia, seja pelas estratégias de sobrevivência, capacidade de mimetismo e improviso, bem como por sua mobilidade social e geográfica, desenvolvida graças às suas atividades econômicas e sua capacidade de estabelecer vínculos dentro de seus grupos religiosos e fora deles. Os documentos dos Tribunais da Inquisição da Monarquia portuguesa e espanhola serão primordialmente a janela pela qual observaremos a invenção, as concepções e realizações destas personagens modernas.
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