O rosto como local de transcendência do eu

interações entre teologia e literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2024.65952

Palavras-chave:

Rosto, identidade, transcendência, literatura contemporânea

Resumo

O presente artigo tem por objetivo demonstrar as múltiplas interações entre o motivo literário da obra O deserto e sua semente (1998), de Jorge Baron Biza, com os conceitos teológico-filosóficos de rosto e identidade, os quais são pertinentes a um possível viés interpretativo da literatura do autor argentino. Partindo da perspectiva dos escritos veterotestamentários, somado às análises de teóricos do campo teológico-filosófico, tais como o francês Emmanuel Levinas (1906-1995) e o britânico Roger Scruton (1944-2020), o texto reflete sobre o rosto como local de transcendência do eu, dialogando com o sentido negativo presente na autoficção O deserto e sua semente, que, em vez de discutir a harmonia dos traços faciais como sinônimo da construção do rosto, discute a partir da crise da perda de identidade sofrida pela protagonista ao ter sua face desfigurada após sofrer uma grave agressão de seu ex-marido com ácido sulfúrico. O narrador onisciente levanta em meio às suas considerações questões que tocam intimamente um campo conceitual bastante debatido na teologia filosófica: é possível que o rosto humano comunique para além de si mesmo, inaugurando uma noção de identidade que independe da presença da carne.

Biografia do Autor

Vinicius Santana, Universidade Federal da Bahia

Graduado em História pela Universidade Federal da Bahia. Contato: viniciussansantana@ufba.br

Referências

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ALPERS, Svetlana. O projeto de Rembrandt: O ateliê e o mercado. – São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil, 1969.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.

BIZA, Jorge Baron. O deserto e sua semente. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.

CARSON, Anne. Sobre aquilo em que mais penso. São Paulo: Editora 34, 2023.

CRISÓSTOMO, S. João. Comentário às Cartas de São Paulo/1. São Paulo: Paulus, 2010.

GRICE, H.P. Meaning. The Philosophical Review, 66, 1957.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

LEVINAS, Emmanuel. Humanism of the Other. Chicago, University of Illinois Press, 2003.

MAIMÔNIDES. Guia dos perplexos - obra completa. São Paulo: Editora Sêfer, 2018.

MARTIN, E. West. Early Greek Philosophy and the Orient. Oxford: Clarendon Press, 1971.

MARTINS, A. F. Uma discussão teórica acerca da autoficção: a ficcionalização de si em “O filho eterno”, de Cristovão Tezza. Letrônica, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 181–195, 2011. Disponível em: https://encurtador.com.br/wGY68. Acesso em: 20 mar. 2024.

OTTO, Rudolf. O sagrado: os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. São Leopoldo: Sinodal/EST; Petrópolis: Vozes, 2021.

OVÍDIO. Metamorfoses. São Paulo: Madras Editora, 2003.

RATZINGER, J. Introdução ao Cristianismo. Preleções sobre o Símbolo Apostólica. Com um novo ensaio introdutório. São Paulo: Loyola, 2005.

REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Diccionario de la lengua española, 23.ª ed., [versión 23.7 en línea]. Disponível em: <https://dle.rae.es>.

SCRUTON, Roger. O rosto de Deus. São Paulo: É Realizações, 2015.

STRONG, James. The New Strong’s Expanded Exhaustive Concordance of the Bible. Red letter ed. Thomas Nelson, 2010.

WITTGENSTEIN, Ludwig J. Investigações Filosóficas. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1999.

Downloads

Publicado

2024-12-15

Como Citar

Santana, V. (2024). O rosto como local de transcendência do eu: interações entre teologia e literatura. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 34(32), 266–285. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2024.65952

Edição

Seção

Artigos