René Girard e Carl Schmitt: a voz do cristianismo na história intelectual da modernidade

Autores

  • Alexandre Bacelar Marques Universidade Federal do Piauí

DOI:

https://doi.org/10.19143/2236-9937.2017v7n14p202-223

Resumo

Resumo: o artigo mostra que as teses do antropólogo e crítico literário francês René Girard a respeito do romance moderno sugerem uma nova maneira de entendermos o lugar que a sabedoria cristã ocupa na história intelectual da modernidade. A narrativa convencional sobre a modernidade conta um caso de substituição, em que o cristianismo foi, aos poucos cedendo lugar para as ideias modernas. Se Girard estiver certo, porém, o ocorreu não foi tanto uma substituição intelectual como um deslocamento retórico. A visão de mundo cristã não desapareceu da paisagem cultural, apenas deslocou-se para o reino da ficção. O problema é que esta crítica à narrativa convencional da “secularização” não está, contudo, explícita na teoria de Girard. Para que se possa fazê-la valer, deve-se buscar apoio nas ideias de outro autor, um que também é cristão e tem uma tese a respeito da moderna esfera pública: Carl Schmitt. O artigo conclui-se com uma sugestão de que as ideias de Girard, bem como as de Schmitt, a propósito da relação entre o cristianismo e a cultura na modernidade pode ser associada a algumas ideias retóricas barrocas.

Biografia do Autor

Alexandre Bacelar Marques, Universidade Federal do Piauí

Professor de Teoria política e disciplinas correlatas do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí bem como no Programa de Mestrado em Ciência Política da mesma faculdade.

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Publicado

2017-12-21

Como Citar

Marques, A. B. (2017). René Girard e Carl Schmitt: a voz do cristianismo na história intelectual da modernidade. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 7(14), 202–223. https://doi.org/10.19143/2236-9937.2017v7n14p202-223