René Girard e Carl Schmitt: a voz do cristianismo na história intelectual da modernidade
DOI :
https://doi.org/10.19143/2236-9937.2017v7n14p202-223Résumé
Resumo: o artigo mostra que as teses do antropólogo e crítico literário francês René Girard a respeito do romance moderno sugerem uma nova maneira de entendermos o lugar que a sabedoria cristã ocupa na história intelectual da modernidade. A narrativa convencional sobre a modernidade conta um caso de substituição, em que o cristianismo foi, aos poucos cedendo lugar para as ideias modernas. Se Girard estiver certo, porém, o ocorreu não foi tanto uma substituição intelectual como um deslocamento retórico. A visão de mundo cristã não desapareceu da paisagem cultural, apenas deslocou-se para o reino da ficção. O problema é que esta crítica à narrativa convencional da “secularização” não está, contudo, explícita na teoria de Girard. Para que se possa fazê-la valer, deve-se buscar apoio nas ideias de outro autor, um que também é cristão e tem uma tese a respeito da moderna esfera pública: Carl Schmitt. O artigo conclui-se com uma sugestão de que as ideias de Girard, bem como as de Schmitt, a propósito da relação entre o cristianismo e a cultura na modernidade pode ser associada a algumas ideias retóricas barrocas.
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