Notas sobre uma estética do trauma no Brasil

Autores

  • João Kogawa Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.
  • Anderson Salvaterra Magalhães Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.

Palavras-chave:

Dialogismo, Ética, Estética, Linguagem, Trauma

Resumo

Neste artigo, o objetivo é demonstrar como a midiatização de casos de tosquias de mulheres constroem, na e pela linguagem, uma estética do estranhamento que referenda discursos flagrantes de fronteiras sócio-histórico-culturais. Para isso, articulam-se, teoricamente, o pensamento bakhtiniano, sobretudo sua insistência na dimensão semiótico-ideológica da linguagem, e postulados barthesianos, em especial o entendimento da constituição semiológica de trauma. Metodologicamente, cotejam-se registros e divulgação de tosquia feminina em duas inscrições históricas: na França, por ocasião da chamada Liberação na década de 1940, e no Brasil da atualidade, em comunidades cariocas que convivem com a cultura do tráfico. No estudo apresentado, procura-se responder à seguinte questão: como, depois de tantas décadas, essa voz do pós-guerra francês emerge no contexto brasileiro (res)significando as mesmas práticas? A análise empreendida aqui mostra que a “prosa” das tosquiadas mobiliza vozes diferentes que, ao imprimirem suas marcas nos enunciados, estratificam a linguagem e desenham fronteiras sócio-culturais.

 

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Biografia do Autor

João Kogawa, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.

Professor Adjunto A I do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp - Araraquara (Conceito CAPES 6), com período de estágio doutoral na Université Sorbonne Nouvelle (Paris III) sob supervisão do Prof. Jean-Jacques Courtine. Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp - Araraquara (Conceito CAPES 6). Graduado em Letras pelo Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé.Tem experiência como professor e pesquisador na área de Linguística com ênfase em Análise do Discurso. É líder, junto com o Prof. Anderson S. Magalhães, do GP/CNPq/UNIFESP Semiologia e discurso.

Anderson Salvaterra Magalhães, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.

Graduado em Letras: Português-Inglês (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999), mestre em Linguística Aplicada pela mesma universidade (2004), sob orientação do Prof. Luiz Paulo da Moita Lopes, e doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CNPq/2010), orientado pela Profª Beth Brait. De setembro de 2007 a agosto de 2008, desenvolveu estágio de doutorado no exterior na Université de Paris VIII (CAPES), supervisionado pela Profª Marília Amorim. Foi Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de 2011 a 2014, onde coordenou o projeto de pesquisa "A recepção da teoria dialógica no Brasil: sujeitos, linguagens e culturas na construção de conhecimento", apoiado pela FAPERGS. Atualmente é Professor Adjunto e membro titular do Conselho de Ensino de Pós-Graduação do Programa de Mestrado em Letras e vice-chefe do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É líder, junto com o Prof. João Marcos Mateus Kogawa, do GP/CNPq/UNIFESP Semiologia e discurso, além de membro/pesquisador do GP/CNPq/PUC-SP Linguagem, identidade e memória (www.linguagemememoria.com.br), liderado pela Profª Beth Brait, e do GP/CNPq/UFSM Literatura, linguagem, memória, liderado pela Profª Silvia Paraense e pela Profª Raquel Trentin. Integra também o projeto "Fundamentos e desdobramentos da perspectiva dialógica para a análise de discursos verbais e verbo visuais" (CNPq), coordenado pela Profª Beth Brait. Tem experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: dialogismo, análise do discurso, memória cultural.

Publicado

2015-07-05

Como Citar

Kogawa, J., & Magalhães, A. S. (2015). Notas sobre uma estética do trauma no Brasil. Bakhtiniana. Revista De Estudos Do Discurso, 10(2), Port. 54–72 / Eng. 61. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/22303

Edição

Seção

Artigos