Organizações produtivas: a interação homem-máquina em Black Mirror
Palavras-chave:
Interação homem-máquina, Fatores humanos, Organizações, Black Mirror, Análise de discursoResumo
A série Black Mirror, transmitida entre 2011 e 2023 pela Netflix, tornou-se um fenômeno de mídia e seus episódios mostraram formas de interação homem-máquina (terminologia também referida como humano-computador). O nome da série se refere ao fato de que, quando uma tela é desligada, ela se torna um espelho negro que reflete a imagem do usuário. Este artigo[1] tem como objetivo analisar os efeitos da interação homem-máquina nas organizações produtivas apresentadas em Black Mirror. Esta pesquisa utilizou a análise do discurso, principalmente a partir das contribuições de Mikhail Bakhtin. O método consistiu em três etapas que contaram com a colaboração de estudantes de graduação e pós-graduação em Engenharia de Produção, integrando ensino e pesquisa e desenvolvendo o senso crítico dos pesquisadores-iniciantes. Os resultados indicam que, nas organizações apresentadas na série Black Mirror, há uma transição do conceito de fatores humanos para fatores ciborgues, bem como o uso da interação homem-máquina para promover o controle social.
[1] Este estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código Financeiro 001. A primeira autora agradece ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por permitir que ela se licenciasse temporariamente para realizar o Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE).
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