Abacaxis azedos diante do mestre

As chanchadas na crítica de cinema de Antônio Moniz Vianna no Correio da Manhã (1946-1960)

Autori

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-4174.35.2025e72016

Parole chiave:

Chanchada, Crítica de cinema, Cultura cinematográfica, Antônio Moniz Vianna

Abstract

Este trabalho tem como objeto de estudo o discurso em torno das chanchadas a partir da crítica cinematográfica, entre as décadas de 1940 e 1960. Busca-se examinar como a crítica de cinema construiu uma visão hostil às comédias pertencentes ao gênero cinematográfico da chanchada. Para isto, foram selecionadas como fontes históricas os escritos de Antônio Moniz Vianna em sua coluna no Correio da Manhã, entre os anos de 1946 a 1960. Em relação à metodologia, adota-se a análise de discurso como abordagem, a fim de compreender o lugar de enunciação dos discursos da crítica de cinema na imprensa. Este artigo é fruto das reflexões realizadas na escrita do trabalho de conclusão de curso, que visou examinar as tensões e mudanças nas formas de recepção das chanchadas na história do cinema brasileiro e da crítica cinematográfica. 

Biografie autore

Isabella Costa Janson Ney, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestranda em História, pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Licenciada em História pela Universidade Federal Fluminense. Possui interesse na pesquisa sobre a história do cinema brasileiro, história da crítica cinematográfica e formas de consumo e circulação de filmes no Brasil.

Paulo Knauss de Mendonça, Universidade Federal Fluminense

Licenciado (1987), Mestre (1990) e Doutor em História (UFF, 1998), tendo realizado pós-doutorado na Universidade de Estrasburgo, França (2006). É professor do departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atua nos Programas de Pós-Graduação em História e em Ensino de História, além de ser professor colaborador no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos de Arte. É sócio títular e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), sócio e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ), sócio-correspondente de outras entidades congêneres, incluindo a Academia Portuguesa e História, além de membro do Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA). Desenvolve pesquisas sobre as relações entre Arte, Imagem e Cultura Visual, bem como, História, Memória e Patrimônio Cultural. Integra os Grupos de Pesquisa inscritos no CNPq: Laboratório de História Oral e Imagem - UFF; Gênese Documental Arquivistica - UFF; Grupo de Estudos de Arte Pública Brasil - Unicamp. No campo da gestão cultural foi diretor do Museu Histórico Nacional (MHN), de 2015 a 2020; e diretor-geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), entre 20017 e 2014. Foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural (2007-2008) e do Conselho Nacional de Arquivos (2007-2010). Desde 2021, integra o Conselho Estadual de Tombamento (CET-RJ). Foi agraciado, em 2024, com a Medalha Rui Barbosa. É autor de vários trabalhos publicados no Brasil e no exterior, sendo mais recentemente co-autor do livro "Cores da paisagem - Nápoles-Rio no oljhar de artistas italianos" (IIC, 2023). É diretor do Museu IHGB e realiza ainda curadoria de exposições, sendo a mais recente produção "Eckhout: trânstos do olhar" (Museu IHGB - agosto de 2024 a agosto de 2025).

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Pubblicato

2025-06-20

Come citare

Ney, I. C. J., & Mendonça, P. K. de. (2025). Abacaxis azedos diante do mestre: As chanchadas na crítica de cinema de Antônio Moniz Vianna no Correio da Manhã (1946-1960). Cordis: Revista Eletrônica De História Social Da Cidade, (35), e72016. https://doi.org/10.23925/2176-4174.35.2025e72016