Paisagem toponímica como patrimônio imaterial
O caso do Jardim Rosinha na zona noroeste de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-4174.35.2025e72705Palavras-chave:
Toponímia, Memória urbana, Patrimônio cultural, Morro DoceResumo
A fim de lançar um olhar crítico às políticas de nomeação e renomeação de logradouros em cidades brasileiras, o artigo enfoca o caso recente do Jardim Rosinha, um bairro periférico da cidade de São Paulo que teve todos os seus nomes de ruas unilateralmente modificados por decisão administrativa. Por meio de entrevistas semiestruturadas com três moradores, procuramos compreender como a alteração foi vivenciada na comunidade. Constatamos que houve um grande prejuízo à funcionalidade dos nomes, não só como elementos para orientação espacial, mas também como sistema de ancoragem de memória. O estudo chama a atenção para a importância de políticas que reconheçam a paisagem toponímica urbana como patrimônio cultural.
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