O mito do amor romântico e a perpetuação da violência doméstica contra mulheres

Uma análise psicossocial crítica

Autori

DOI:

https://doi.org/10.23925/2176-4174.35.2025e72709

Parole chiave:

Amor romântico, Violência doméstica, Psicologia social crítica, Interseccionalidade, Feminismo

Abstract

Este ensaio teórico é resultado do trabalho de conclusão do curso de Psicologia e tem como tese central demonstrar como o mito do amor romântico opera como dispositivo ideológico que naturaliza comportamentos abusivos e perpetua a violência contra mulheres. Por meio da Psicologia Social Crítica, este trabalho aprofunda a compreensão de como o ideal romântico funciona como poderosa ferramenta de dominação, programando mulheres para aceitar possessividade e ciúme como provas de afeto. A análise revela como essa narrativa cultural afeta desproporcionalmente diferentes grupos, evidenciando a urgência de uma abordagem interseccional. Concluímos que a desconstrução crítica e consciente deste mito é um elemento fundamental para o enfrentamento da violência doméstica e a promoção de relações mais igualitárias e libertadoras.

Biografie autore

Geziely dos Santos Brasileiro, Universidade Federal de Rondonópolis

Possui graduação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Vale do São Lourenço (2023) e graduação em Direito pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (2024). Atualmente psicóloga Residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso pela Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).

George Moraes de Luiz, Universidade Federal de Rondonópolis

Professor Adjunto do curso de Psicologia e do Mestrado em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso/Rondonópolis (2008), Mestrado (2011) e Doutorado (2015) em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com bolsas CNPq e CAPES. Realizou estágio doutoral no Grupo de Investigação de Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (GESCIT) da Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha (2014), com bolsa CAPES, e intercâmbio no Mestrado Integrado em Psicologia e no Instituto da Infância da Universidade do Minho, Braga, Portugal (2007-2008), com bolsa do Programa Santander Universidades. Na graduação em Psicologia da UFR, ministra disciplinas e é membro do colegiado de curso de Psicologia. Na pós-graduação, atua no Programa de Mestrado em Educação (stricto sensu), onde é Coordenador da linha Educação, Cultura e Diferenças, membro do colegiado de curso, ministra disciplinas e orienta. Também atua nas Residências Multiprofissionais em Saúde do Adulto e do Idoso e em Saúde da Família (lato sensu). É Membro do Comitê Assessor de Extensão da UFR. É associado à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP) e Vice-coordenador do Grupo de Trabalho Psicologia Social nos estudos urbanos: diálogos interdisciplinares da ANPEPP. Coordena o Serviço Reflexivo para Homens (SER) encaminhados pela Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Rondonópolis, em parceria com o Juizado da Vara da Família. É membro do projeto Terra Nascente: Sala da Amazônia Legal. Foi-conselheiro, vice-presidente e presidente do Conselho Regional de Psicologia da 18 Região MT, onde também coordenou a Comissão de Psicologia na Assistência Social (2016-2022). Durante a graduação, desenvolveu Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica (2005-2008) com bolsa do CNPq. Foi agraciado com o Prêmio Jovem Investigador de Mérito em Psicologia da Saúde, concedido pela Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde, Porto, Portugal (2008). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, Construcionismo Social, Práticas Discursivas, Gênero e Masculinidades. E-mail: george@ufr.edu.br

Riferimenti bibliografici

BANDEIRA, L. M. Violência de gênero: a rede de enfrentamento e o papel do estado. Brasília: IPEA, 2019.

BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BENTO, B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BLAY, E. A. A violência contra a mulher e o papel do Estado. In: LIMA, A. M. (Org.). Violência doméstica: algumas reflexões. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 488-490, jul./dez. 2003.

CASTAÑEDA, M. O machismo invisível: o homem de sempre, o homem de hoje. São Paulo: Record, 2007.

CERQUEIRA, D. et al. Atlas da Violência 2023. Brasília: IPEA; FBSP, 2023.

CHAUÍ, M. Participando do debate sobre mulher e violência. In: Perspectivas Antropológicas da Mulher, n. 4. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

COLLINS, P. H. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.

CRENSHAW, K. W. Demarginalizando a interseccionalidade de raça e sexo: uma crítica feminista negra da doutrina antidiscriminação, da teoria feminista e das políticas antirracistas. Cadernos Pagu, Campinas, n. 47, p. 7-83, jul./dez. 2016.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. São Paulo: FBSP, 2023.

GEBARA, I. Rostos de um feminismo libertário. São Paulo: Loyola, 2000.

GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Editora UNESP, 1993.

GOMES, N. L. O movimento negro educador: saberes construídos e (re)existências. Petrópolis: Vozes, 2017.

GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, ANPOCS, p. 223-244, 1984.

GREGORI, M. F. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres, relações perigosas e queixas de violência em São Paulo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

HIRIGOYEN, M.-F. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

HOOKS, b. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elsevier, 2004.

ILLOUZ, E. O consumo da utopia romântica: amor e contradições culturais. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

JESUS, J. G. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: UnB, 2014.

LANE, S. T. M. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984.

LATOUR, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

LUGONES, M. Colonialidade e gênero. Cadernos de Campo (São Paulo), v. 26, n. 2, p. 280-293, jul./dez. 2017.

MARTÍN-BARÓ, I. Sistema, grupo y poder: psicología social desde Centroamérica II. San Salvador: UCA Editores, 1989.

MONTERO, M. Introducción a la psicología comunitaria: desarrollo, conceptos y procesos. Buenos Aires: Paidós, 2004.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2003.

NOGUEIRA, C. Para uma genealogia do feminino: sobre a submissão e a resistência na construção do sujeito. Porto: Edições Afrontamento, 2001.

PASINATO, W. Oito anos da Lei Maria da Penha: avanços e desafios. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 23, n. 115, p. 119-138, jul./ago. 2015.

RICH, A. Heterossexualidade compulsória e existência lésbica. Bagoas-Estudos gays: gêneros e sexualidades, v. 4, n. 05, 2012.

ROSADO-NUNES, M. J. O lugar da religião na vida das mulheres: o sagrado e o profano, o público e o privado. In: MACHADO, M. D. C.; CAMURÇA, M. A. (Orgs.). Religião e sociedade no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2005.

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

SANTOS, C. M. O judiciário e a questão da violência contra a mulher: entre o público e o privado. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 25, n. 3, p. 579-598, set./dez. 2010.

SEGATO, R. L. As estruturas elementares da violência: ensaios sobre gênero entre a antropologia, a ética e o psicanálise. São Paulo: Elefante, 2022.

SOUZA, S. D. Mulheres em situação de violência conjugal em contextos evangélicos. 2014. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.

SPINK, M. J. P. Linguagem e produção de sentidos no cotidiano. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010.

WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília: FLACSO, 2015.

WALKER, L. E. A. The Battered Woman. New York: Harper & Row, 1979.

WERNECK, J. Racismo institucional e a saúde da população negra. In: LOPES, F. (Org.). Saúde da população negra. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. p. 33-40.

Pubblicato

2025-08-11

Come citare

Brasileiro, G. dos S., & Luiz, G. M. de. (2025). O mito do amor romântico e a perpetuação da violência doméstica contra mulheres: Uma análise psicossocial crítica. Cordis: Revista Eletrônica De História Social Da Cidade, (35), e72709. https://doi.org/10.23925/2176-4174.35.2025e72709