Em busca de novas identidades monásticas
A tensão entre o temporal e o espiritual resultante do contato com o exterior (sobretudo o urbano) no Mosteiro de Alacobaça em tempos de renovação e observância
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-4174.v3.2024e67968Palavras-chave:
Travel/Circulation, Monastery of Santa Maria of Alcobaça, Abbot Estêvão de Aguiar, Royal Power, Religious Reform, Late Medieval PortugalResumo
Este artigo considera como o abade reformista Estêvão de Aguiar, em estreita associação com a coroa portuguesa, conseguiu a coexistência de duas noções antagônicas no comando da principal casa cisterciense de Portugal: o ideal cisterciense de Santa Maria de Alcobaça como Domus Spiritualis e a realidade temporal de uma comunidade onde a viagem e a circulação eram vitais.
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