POTENCIALIDADES DA TEORIA DO DISCURSO PARA ANÁLISE DA POLÍTICA CURRICULAR DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (1996-2006): DEMANDAS, ANTAGONISMOS E HEGEMONIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i3p1144-1169

Palavras-chave:

Política curricular, Formação de professores, Base comum nacional, Hegemonia.

Resumo

Neste artigo discutimos a potencialidade da teoria do discurso para análise do debate da política curricular (1996-2006), considerando demandas, antagonismos e hegemonia. Trata-se dos resultados de uma pesquisa cujo objeto de estudo é o debate da política curricular de formação de professores e os sentidos do estágio supervisionado (1996-2006). Em consonância com a teoria do discurso, defendemos a tese de que o referido debate é um campo de articulação discursiva e de disputas hegemônicas de significação em torno de projetos de sociedade, educação e currículo para a formação de professores. Especificamente identificamos as demandas, os antagonismos e as disputas hegemônicas de significação nos documentos da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação - ANFOPE, e analisamos os processos hegemônicos a partir da lógica da equivalência e da diferença nos documentos curriculares do Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação - MEC/CNE. Construímos um método de análise com base no arcabouço teórico da teoria do discurso de Laclau e Mouffe (1987), na perspectiva da problematização/desconstrução dos discursos, demonstrando como se opera a sua hegemonização.

 

Biografia do Autor

Kátia Costa Lima Corrêa de Araújo, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns

Dra. em Educação. Professora Adjunta da UFRPE/UAG do curso de Pedagogia.

Referências

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - ANFOPE. 1998 - 15 anos de luta em defesa de uma política nacional global de formação dos profissionais da Educação. Boletim da ANFOPE, ano IV, n. 8, 1998a.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - ANFOPE. Documento Final. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANFOPE 9., 1998, Campinas, SP. Anais eletrônicos [...]. Campinas, SP: UNICAMP, 1998b. Disponível em: http://www.anfope.org.br/wp-content/uploads/2018/05/9%C2%BA-Encontro-Documento-Final-1998.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - ANFOPE. Documento Final. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANFOPE 10., 2000, Brasília. Anais eletrônicos [...]. Brasília: Casa de Retiros Assunção, 2000. Disponível em: http://www.anfope.org.br/wp-content/uploads/2018/05/10%C2%BA-Encontro-Documento-Final-2000.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - ANFOPE. Documento Final. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANFOPE 11., 2002, Florianópolis. Anais eletrônicos [...]. Florianópolis: UFSC, 2002. Disponível em: http://www.anfope.org.br/wp-content/uploads/2018/05/11%C2%BA-Encontro-Documento-Final-2002.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 248, p. 27833-27841, 23 dez. 1996.

BRASIL. Resolução CP Nº 1, de 30 de setembro de 1999. Brasília: Conselho Nacional de Educação, [1999]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp001_99.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 1, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 67, p. 31-32, 9 abr. 2002a.

BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 2, de 19 de fevereiro de 2002. Brasília: Conselho Nacional de Educação, Conselho Pleno [2002b]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

BRASIL. Resolução Nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 92, p. 11-12, 16 maio 2006.

BRASIL. Resolução CNE/CP No 2, de 1 de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 124, p. 8-12, 2 jul. 2015.

BURITY, Joanildo. Discurso, política e sujeito na teoria da hegemonia de Ernesto Laclau. In: MENDONÇA, Daniel de; RODRIGUES, Léo Peixoto (orgs.). Pós-estruturalismo e teoria do discurso: em torno de Ernesto Laclau. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 35-51.

DUQUE-ESTRADA, Paulo Cesar (org.). Desconstrução e ética: Ecos de Jacques Derrida. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO; São Paulo: Loyola, 2004.

HOWARTH, David. Aplicando la teoría del discurso: el método de la articulación. Studia Politicae, n. 5, otoño 2005. Disponível em: http://bibdigital.uccor.edu.ar/ojs/index.php/Prueba2/article/view/585. Acesso em: 14 jun. 2014.

HOWARTH, David. Hegemonia, subjetividad política y democracia radical. In: CRITCHLEY, Simon; MARCHART, Oliver (orgs.). Laclau: aproximaciones críticas a su obra. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2008. p. 125-142.

LACLAU, Ernesto. Nuevas reflexiones sobre la revolución de nuestro tiempo. 2. ed. Buenos Aires, Argentina: Ediciones Nueva Visón, 2000.

LACLAU, Ernesto. Inclusão, exclusão e a construção de identidades. In: AMARAL JÚNIOR, Aécio; BURITY, Joanildo A. (orgs.). Inclusão social, identidade e diferença: perspectivas pós-estruturalistas de análise do social. São Paulo: Annablume, 2006. p. 21-38.

LACLAU, Ernesto. Posfácio. In: MENDONÇA, Daniel de; RODRIGUES, Léo Peixoto (orgs.). Pós-estruturalismo e teoria do discurso: em torno de Ernesto Laclau. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 189-191.

LACLAU, Ernesto. La razón populista. 6. reimp. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2011a.

LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Coordenação geral e revisão técnica geral, Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo. Rio de Janeiro: EdUEJ, 2011b.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonia y estratégia socialista: hacia una radicalización de la democracia. Madrid: Siglo XXI, 1987.

LOPES, Alice Casimiro. Cultura e diferença nas políticas de currículo: a discussão sobre hegemonia. In: PERES, Eliane et al. (orgs.). Processos de ensinar e aprender: sujeitos, currículos e cultura. Livro 3. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 59-78.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez, 2011a.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Contribuições de Stephen Ball para o estudo de política de currículo. In: BALL, Stephen J.; MAINARDES, Jefferson (orgs.). Políticas educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011b. p. 249-283.

MARCHART, Oliver. Teoria do discurso, pós-estruturalismo e paradigma de Escola de Essex. In: MENDONÇA, Daniel de; RODRIGUES, Léo Peixoto (orgs.). Pós-estruturalismo e teoria do discurso: em torno de Ernesto Laclau. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 9-13.

MATHEUS, Danielle dos Santos; LOPES, Alice Casimiro. Sentidos de Qualidade na Política de Currículo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 337-357, abr./jun. 2014.

MENDONÇA, Daniel. Como olhar “o político” a partir da teoria do discurso. Revista Brasileira de Ciência política, Brasília, n. 1, p. 153-169. jan./jun. 2009.

SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

VEIGA-NETO, Alfredo. Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 23, p. 5-15, maio/ago. 2003.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. Tradução de Marcos G. Montagnoli. Revisão da tradução e apresentação Emmanuel Carneiro Leão. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2013.

Downloads

Publicado

2019-09-28

Edição

Seção

Artigos