O insólito como estratégia literária em narrativas de feminicídios
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-4373.2025i35p119-136Palabras clave:
Insólito, Feminicídio, Ficção criminal, Narrativa do traumaResumen
Este artigo investiga o insólito narrativo como estratégia estética, epistemológica e política na construção de três obras que reelaboram crimes reais de feminicídio — Aracelli, meu amor (1976), de José Louzeiro; Garotas mortas (2018), de Selva Almada; Um crime bárbaro (2022), de Ieda Magri – e uma obra que ficcionaliza esse tipo de crime: Sinfonia em branco (2001), de Adriana Lisboa. Propõe-se uma cartografia do insólito, observando como ele se configura de forma diversa em cada narrativa, segundo seus contornos formais e simbólicos. O insólito atua como ferramenta de ficcionalização do trauma, instaurando zonas de instabilidade que desestruturam pactos de leitura e modos convencionais do romance criminal. A análise fundamenta-se nas formulações de García (2012), Roas (2014), Covizzi (1978) e Prada Oropeza (2006). Seja pela voz da vidente, pelo monstro que assombra a infância, pela figura mítica ou pelos sonhos da narradora, o insólito convoca o leitor a uma escuta ética do irrepresentável.
Citas
ALMADA, S. Garotas mortas. Trad. Sérgio Molina. São Paulo: Todavia, 2018.
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. v. 1.
BOURDIEU, P. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
CHANADY, A. The literary fantastic: from fiction to theory. Ithaca: Cornell University Press, 1992.
DERRIDA, J. Spectres de Marx: l’État de la dette, le travail du deuil et la nouvelle Internationale. Paris: Galilée, 1994.
FELMAN, S.; LAUB, D. Testimony: crises of witnessing in literature, psychoanalysis, and history. New York: Routledge, 1992.
FURTADO, F. O fantástico modal: estrutura e discurso nas ficções de mistério e assombro. São Paulo: Perspectiva, 2007.
GAGNEBIN, J. M. Lembrar escrever, escutar: ensaios sobre a escrita, a ética e a violência. São Paulo: Editora 34, 2006.
GARCÍA, A. A banalização do insólito na narrativa de ficção como marca distintiva de um outro e novo gênero literário, o insólito banalizado. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2012.
KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2010.
LISBOA, A. Sinfonia em branco. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
LOUZEIRO, J. Aracelli, meu amor. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
MAGRI, I. Um crime bárbaro. Rio de Janeiro: Faria e Silva, 2022.
NANCY, J. À escuta. Trad. Fernando Scheibe. Campinas: Papirus, 2007.
OROPEZA, R. P. Análisis e interpretación del discurso narrativo-literario. Zacatecas: Universidad Autónoma de Zacatecas, 2006.
PINKOLA ESTÉS, C. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Trad. Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível: estética e política. Trad. Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2004.
ROAS, D. Teoría de lo fantástico. Madrid: Páginas de Espuma, 2014.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 FronteiraZ. Revista del Programa de Estudios Posgrado en Literatura y Crítica Literaria

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.





Este obra está licenciada com uma Licença