Fronteiraz 30

2022-10-19

Expansões do literário no campo das artes: teatralidades e escalas

 

Editores convidados:

Prof. Dr. André Goldfeder (Unicamp)

Prof. Dr. Jorge Manzi Cembrano (Universidad de Chile)

Prof. Dr. Fábio Roberto Lucas (PUC-SP)

 

Dentre os dilemas atuais de integração e diferenciação em meio ao campo das artes, destacam-se três eixos de interrogação crítica e teórica sobre o estatuto da obra: a transformação do juízo estético na direção de uma nomeação comparatista diante de obras individuais (de Duve, Aira); a instabilidade da autonomia artística, atuando nos limites entre espaço da obra e mundo comum (Tassinari); a redefinição do problema dos meios artísticos, em novos enfrentamentos da tensão entre especificidade e inespecificidade (Krauss, Rancière). Na literatura, tal conjunto de questões se apresenta em certos modos de teatralidade, que exploram intricações da cenografia da enunciação (Maingueneau), porosidades entre espaço do texto e seus espaços outros, tensões entre situações de enunciação, atos enunciativos e materialidades dos meios, onde também atuam estratégias antiteatrais (Puchner, Fried). Em paralelo, verifica-se tendência à prosificação, seja em atrito com a reconstituição de práticas específicas – “a prosa como questão de poesia” (Siscar, Gleize, Deguy) – ou expansões, como “espetáculos de realidade” (Laddaga), a prosa como meio e questão do campo expandido. Tais dinâmicas enunciativas “ventríloquas”, “corais” (Süssekind) e híbridas apontam para uma crise de escalas relativa aos efeitos socioculturais desestabilizadores oriundos da financeirização e mundialização das economias locais, desdobrando-se mais recentemente no debate sobre a crise ecológica e do Antropoceno, que radicaliza a instabilidade de escalas e medidas constituintes da experiência social e artística.

Este número de Fronteiraz acolherá trabalhos dirigidos a esse campo de debates, a partir de diferentes perspectivas teóricas em torno do estatuto do texto literário e da obra de arte contemporânea, que pode se dirigir a análises de trabalhos como de Nuno Ramos, Sergio Chejfec, Ricardo Aleixo, Cesar Aira, Diamela Eltit, Veronica Stigger, Ana C., Samuel Beckett, Marcel Broodthaers, Christophe Tarkos, Pierre Alferi, dentre muitos outros.

 

Prazo para submissão de artigos: até 10 de março de 2023.

Lembramos que as seções de “Ensaios” e de “Resenhas” têm fluxo contínuo, independentemente da temática em pauta para a seção de “Artigos”. Para mais detalhes, consultar as normas de edição em “Diretrizes para autores” no endereço http://revistas.pucsp.br/fronteiraz