A memória coletiva oficial e o necropoder
os grupos de extermínio em Você também pode dar um presunto legal (1973)
Palavras-chave:
necropolítica, Esquadrão da Morte, máquina de guerra, ditadura civil-militar, memória coletiva oficialResumo
Neste artigo, apresentamos um estudo sociológico e imagético do curta-metragem Você também pode dar um presunto legal (1973), do diretor Sérgio Muniz, com base nos conceitos de necropolítica e máquinas de guerra, de Achille Mbembe, e das contribuições teóricas de Michael Pollak em seu artigo Memória, esquecimento, silêncio. Mais especificamente, trata-se de uma análise que almeja estabelecer os pormenores de como o enredo da obra aponta para a naturalização do estabelecimento de esquadrões da morte a serviço da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) e da memória coletiva oficial estabelecida pelo regime em questão. Ou seja, apresenta-se o seguinte cenário: da mesma forma que o curta expõe as máximas defendidas pela memória oficial exaltada pelo regime militar ele também denuncia os crimes e as atrocidades levadas a cabo por seus agentes. Ao denunciar as atrocidades dos esquadrões da morte no período da Ditadura Civil-Militar, Muniz almeja estabelecer as bases (ainda que tão-somente simbólicas) para o advento de uma memória que possa de fato tanto se encaixar quanto ser adequada aos preceitos de um legítimo processo de lembrança e justiça para as vítimas do regime militar e seus descendentes.
Referências
BRASIL ontem, hoje e amanhã. Agência Nacional. 1975. (50 min), son, pb.
CARTOCE, Raquel Elisa. O milagre anunciado: Publicidade e a ditadura militar brasileira (1968-1973). 2017. 257 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, 2017.
CIDADÃO Boilesen. Direção: Chaim Litewski. 2009. (90 min), son, color.
EU MATEI Lúcio Flávio. Direção: Antônio Calmon. 1979. (97 min), son, color.
FOUCAULT, Michel. Aula de 17 de março de 1976. In: DREYFUS, Hubert L.; RABINOW, Paul. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: M. Fontes, 2005. p. 285-315.
______. Vigiar e punir. 20. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
LEANDRO, Anita. Você também pode dar um presunto legal: Um filme clandestino sobre os esquadrões da morte. La Roca, n. 7, p. 308-329, dic. 2020.
LÚCIO Flávio, o passageiro da agonia. Direção: Héctor Eduardo Babenco. 1977. (120 min), son, color.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, n. 32, dez. 2016.
PASTOR Cláudio. Direção: Beth Formaggini. 2019. (76 min), son, color.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, 1989.
RANCIÈRE, Jacques. La Fable cinematographique. Paris: Seuil, 2001.
TOMAIM, Cássio dos Santos. Conversa entre Sérgio Muniz e Cássio dos Santos Tomaim sobre o seu livro “Documentário e o Brasil na Segunda Guerra Mundial…”. Disponível em: http://doc.ubi. pt/16/entrevista16.pdf . Acesso em: 2 ago. 2022.
VOCÊ também pode dar um presunto legal. Direção: Sérgio Muniz. 1973. (39 min), son, pb.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Galáxia. Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores de artigos publicados mantêm os direitos autorais de seus trabalhos, licenciando-os sob a licença Creative Commons CC-BY, que permite que os artigos sejam reutilizados e distribuídos sem restrição, desde que o trabalho original seja corretamente citado. Os autores concedem para GALÁxIA. Revista Interdisciplinar de Comunicação e Cultura o direito de primeira publicação.