O essencialismo na classificação de Lineu e a repercussão dessa controvérsia na Biologia
DOI:
https://doi.org/10.23925/2178-2911.2018v18p73-110Abstract
Resumo
Nos últimos dois séculos, Lineu e toda taxonomia tradicional têm sido acusados de exercerem uma prática essencialista, pautada na descrição de tipos. Ernest Mayr foi um dos que contribuíram para disseminar essas ideias que passaram a ser consideradas como verdades na Biologia. Entretanto, nas últimas duas décadas, historiadores e filósofos da Biologia contestaram esse argumento oferecendo novas análises que corrigem o anacronismo efetuado na história das classificações biológicas. Neste artigo, nosso objetivo é argumentar, com o auxílio de obras originais de Lineu e fontes secundárias provenientes de estudiosos da vida e do trabalho do sueco, bem como de historiadores e filósofos da Biologia, por que a classificação biológica lineana não é fundamentada no essencialismo platônico ou aristotélico. Observamos que as obras e o contexto de Lineu foram mal interpretados, que suas influências na ciência eram totalmente contrárias à lógica escolástica e que, apesar de usar termos como essência, gênero e espécie em suas obras, não há qualquer relação com a lógica aristotélica.
Palavras-chave: Carl von Linné; Classificação dos Seres Vivos; História da Ciência.
Abstract
In the last two centuries, Linnaeus and all traditional taxonomy has been accused of exercising an essentialist practice, based on the description of types. Ernst Mayr was one of those who contributed to disseminate these ideas that came to be considered as truths in Biology. However, in the last two decades historians and philosophers of biology have contested this argument by offering new analyzes that correct the anachronism in the history of biological classifications. In this article, our objective is to argue, with the help
of original works by Linnaeus and secondary sources from scholars of the life and work of the Swedish, as well as historians and philosophers of Biology, because the linear biological classification is not based on essentialism Platonic or Aristotelian. We note that Linnaeus' works and context were misinterpreted, that his influences on science were wholly contrary to scholastic logic, and that in spite of using terms like essence, genus, and species in his works, he had no connection with Aristotelian logic.
Keywords: Carl von Linné; Classification of Living Beings; History of Science.