#automutilação

um estudo sobre a representação da autolesão em uma comunidade virtual de praticantes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2594-3871.2024v33i1p151-177

Palavras-chave:

Automutilação, Autolesão, ALNS, Redes sociais, Saúde mental

Resumo

A autolesão não suicida é um fenômeno de relevância crescente com altas taxas de prevalência em adolescentes e jovens adultos. Embora relutem em buscar ajuda profissional, praticantes de autolesão apresentam elevados índices de uso de internet e de comportamento de risco online, o que torna necessária a investigação do fenômeno nesse âmbito. Foi realizada etnografia virtual no grupo “automutilação” do Facebook com o objetivo de compreender como a autolesão é tratada em uma comunidade virtual composta e moderada por praticantes. Os conteúdos compartilhados pelos usuários na comunidade foram coletados e distribuídos em cinco categorias de análise: autolesão, sofrimento, suicídio, religião e ajuda. A autolesão é representada na comunidade como um comportamento compulsivo com características de dependência. Publicações de imagens explícitas de autolesão geram significativamente maior engajamento do que postagens de ajuda e promovem aumento no número de fotos de lesões nos momentos subsequentes. Embora a comunidade apresente benefícios como a disponibilidade dos membros para conversar e fornecer apoio, há uma série de aspectos danosos, como postagens de incitação ao suicídio e à autolesão, hostilidade nas interações e despreparo para lidar com o sofrimento alheio. Por fim, destaca-se a necessidade de desenvolvimento de novas estratégias de intervenção no ambiente online.

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Biografia do Autor

Felipe Moreira Borges Nascimento Fabbrini, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Psicólogo clínico graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Ivelise Fortim , Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, professora do curso de psicologia da PUC-SP

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Publicado

2024-08-23

Como Citar

Fabbrini, F. M. B. N., & Fortim , I. (2024). #automutilação : um estudo sobre a representação da autolesão em uma comunidade virtual de praticantes. Psicologia Revista, 33(1), 151–177. https://doi.org/10.23925/2594-3871.2024v33i1p151-177

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa Empírica