“Nuvens são pássaros...” Jesus na obra “A arca da Aliança” de Carlos Nejar
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v20p38-69Palavras-chave:
Carlos Nejar, Jesus, literatura e bíbliaResumo
Carlos Nejar é poeta, crítico literário, romancista e tradutor brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras, o escritor gaúcho é listado pela crítica entre os trinta e sete poetas mais importantes do século. Sua poesia tem linguagem clássica, estética moderna e trata das questões humanas. O horizonte religioso em sua literatura pode ser identificado nas imagens e metáforas por ele desenvolvidas, as quais demonstram intensas relações intertextuais com a tradição judaico-cristã. Entre suas obras, no livro Os Viventes, em especial na segunda parte, A arca da Aliança, encontramos a reescritura de personagens do cânon bíblico, o que lhe serve como instrumento para descrever, nos lábios dos viventes, os dilemas humanos. Como um monumento das memórias da cultura, a obra preserva as narrativas canônicas relendo-as criativamente. Neste artigo, depois de uma discussão teórica a respeito da relação entre literatura e Bíblia e a apresentação de Nejar, será analisada a maneira como o vivente Jesus, citado ao lado de outros, é reescrito e as memórias da cultura judaico-cristãs são relidas intertextual e alegoricamente, o que possibilita apresentá-lo como ruptura, solidário à angustia humana e senhor cósmico, cuja criação é a expressão poética da palavra.
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