A Linguagem da religião: binarismo, simbolismo e universalidade das narrativas míticas
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v23p503-524Palavras-chave:
linguagem, mito, religião, sonho, binarismo.Resumo
As narrativas religiosas e míticas são codificadas pela linguagem simbólica. Predominam nestes textos as metáforas, figuras híbridas, eventos grandiosos, visões oníricas e signos de oposições binárias. O presente artigo explora as características dessa linguagem a partir da narrativa visionária de Apocalipse 12, em que uma mulher com dores de parto é perseguida pelo grande dragão vermelho de sete cabeças. As narrativas religiosas e míticas se apresentam como uma rede de textos entrecruzados entre diferentes culturas. Este estudo contrasta a compreensão mais racionalizada de origem alemã que considera as narrativas míticas e oníricas como decorrentes de um processo natural de simbolização, na linha de Freud, com a visão do sagrado segundo Eliade, que vê as narrativas míticas e os sonhos como comparados apenas em termos de linguagem, mas não de origem. Na fenomenologia do sagrado, a linguagem do simbolismo é considerada como mediadora da relação do homem com realidades ausentes ou transcendentes.
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