Tempo e religião na canção Tempo Rei de Gilberto Gil

Autores

  • Jose Benedito de Almeida Júnior Instituto e Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia http://orcid.org/0000-0001-5801-7284

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v24p583-608

Palavras-chave:

Tempo Sagrado, Tempo Profano, Religião, Gilberto Gil

Resumo

O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão sobre a canção Tempo Rei de Gilberto Gil. Nossas fontes principais são a letra da canção e um texto que se encontra no site oficial do compositor o qual, de modo sintético, apresenta os elementos filosóficos e religiosos da sua canção. Além destas fontes, utilizamos obras de estudiosos dos fenômenos da religião, como Mircea Eliade e Carl Gustav Jung, dentre outros. Tanto para estes autores, quanto para o compositor, há duas posições contraditórias em relação à percepção do tempo: a primeira se dá no profano, dentro dos limites da experiência e da razão humanas; e outra no sagrado, onde se admite o que está além da compreensão racional. A canção de Gilberto Gil assume a perspectiva do tempo sagrado em oposição à postura da canção Oração ao Tempo, de Caetano Veloso. Concluímos que a canção é um pedido do poeta para que possa compreender a passagem do tempo, bem como, para consolá-lo, das perdas inevitáveis que ela acarreta, revelando o aspecto cristão de sua fé.

Biografia do Autor

Jose Benedito de Almeida Júnior, Instituto e Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia

Pós-doutor em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Professor do Instituto e do Programa de PósGraduação em Filosofia, da Universidade Federal de Uberlândia. Contato: beneditoalmeida@gmail.com

Referências

A DOUTRINA DE BUDA. Tradução Jorge Anzai e revisão Prof. Dr. Mario Ricardo Gonçalves (FFLCH-USP): São Paulo: Círculo do Livro, 1998.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução: Alfredo Bosi e Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BENJAMIN, Walter. As teses sobre o conceito de história. Obras Escolhidas. Vol. 1. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CAMÕES, Luiz Vaz de. Mudam-se os tempos mudam-se a vontades. (Soneto). Disponível em: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html. Acesso em: 20/05/2020.

CAMPBELL, Joseph. O poder do mito, com Bill Moyers. Trad. Carlos F. Moisés. São Paulo: Palas Athena, 2008.

ELIADE, M. Mito do eterno retorno: cosmo e história. Trad. José A. Ceschin. São Paulo: Mercuryo, 1992.

ELIADE, M. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ELIADE, M. The sacred in the secular world. Cultural Hermeneutics, p. 101 – 113. Reidel Publishing Company. Dordrecht-Holland, 1973.

FREUD, S. História de uma neurose infantil e outros trabalhos. Obras Completas de Freud, vol. 17. Rio de Janeiro: Imago, 1987.

GILBERTO GIL. Andar com fé (Canção). Um banda Um (LP). EUA: WEA Discos, 1984.

GILBERTO GIL. O Eterno Deus Mu Dança. (Canção). O Eterno Deus Mu Dança (LP). EUA: WEA Discos, 1989.

GILBERTO GIL. Tempo Rei. (Canção). Raça Humana (LP) Estúdio da Tuff Gong, Kingston, Jamaica; Estúdios Record Plant, Nova Iorque, Estados Unidos e Estúdios Nas nuvens, Rio de Janeiro, Brasil, 1984.

GILBERTO Gil. Texto. Texto de Gilberto Gil sobre a canção “Tempo Rei”. Disponível em: https://gilbertogil.com.br/. Acesso em: 02/05/2020. (s/d) (Não há data de publicação. Em virtude da ausência de referências maiores, reproduzimos o texto em sua íntegra como anexo. Ele pode ser encontrado no site pesquisando-se pelo nome da canção.)

JUNG, C. G. A vida simbólica: outros escritos. Trad. Araceli Elman. Petrópolois: Vozes, 2008.

JUNG. C. G. (org.) O homem e seus símbolos. Trad. Maria L. Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

LACAN, Jacques. O mito inidividual de um neurótico ou A poesia e verdade na neurose. Tradução: Cláudia Berliner. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

MAGALHÃES, Vasco Pinto s.j. Prefácio à 2ª edição da Autobiografia de Santo Inácio de Loyola. Tradução: António José Coelho, s.j. Braga: Editora AO, 2015.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia: da antiguidade à Idade Média. Volume 1. São Paulo: Paulus, 1990.

SANTOS, Mílton. O Tempo nas Cidades. Coleção Documentos. Série Estudos Sobre o Tempo. Instituto de Estudos Avançados. Universidade de São Paulo, 1989.

SUASSUNA, Ariano. O Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Ediouro/Agir. 2013.

VELOSO, Caetano. Oração ao Tempo. Cinema Transcendental. (LP). Califórnia: EUA. Verve, 1979

VELOSO, Caetano. Sampa. Muito (Dentro da Estrela Azulada). (LP). Companhia Brasileira de Discos (CDB), 1978.

WADDINGTON, Andrucha. HOLLANDA, Lula Buarque. Tempo Rei. (Documentário). Duração: 105 min. Conspiração Filmes; Ravina Produções; Gegê Produções. Rio de Janeiro: Brasil, 1996.

Downloads

Publicado

2021-11-01

Como Citar

Almeida Júnior, J. B. de . (2021). Tempo e religião na canção Tempo Rei de Gilberto Gil. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 11(24), 583–608. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v24p583-608