No tempo dividido - Mistagogia da temporalidade na poesia de Sophia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v23p180-193

Palavras-chave:

Poesia, Mistagogia, Temporalidade, Teotopia

Resumo

A poesia de Sophia é também uma questão de tempo. É dentro do tempo que se escuta a sua aspiração à unidade e à inteireza. Trata-se de uma poesia eivada de incertezas; mesmo quando revela a posse de uma luminosidade, guarda ainda sombras subtis; mesmo quando os seus contornos intocados sugerem a lisura da superfície, não omite as suas asperezas, a litania rumorosa dos seus augúrios, o lamento – em melopeia – do tempo dividido. O tempo não é encarado apenas como duração, mas sobretudo como intensidade; não é tanto um «tempo quando», mas um «tempo onde». Sendo um «livro de passagem», No tempo dividido (1954) é como uma crisálida, um grito de resgate. É entre a pátria perdida e o corpo perdido que se entretece uma mistagogia da temporalidade. Entre naufrágios, desastres e destroços, Sophia teve «o futuro por memória»; entre o pensamento sem rosto, os gestos sem peso e o olhar atento que nenhum acaso desvia, como Antígona, a sua poesia sobreleva: «Eu sou aquela que não aprendeu a ceder aos desastres».

Biografia do Autor

José Rui Teixeira, Universidade Católica do Porto

Doutorando em Literatura na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, membro do Conselho Científico do Instituto de Pensamiento Iberoamericano, da Universidad Pontificia de Salamanca. Contato:
joserui.teixeira@lusofrances.com.pt

Referências

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Publicado

2021-04-15

Como Citar

Teixeira, J. R. (2021). No tempo dividido - Mistagogia da temporalidade na poesia de Sophia. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 11(23), 180–193. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v23p180-193