Os deuses são uma funcção do estylo

A mitologia clássica na história cultural da Europa

Autores

  • Steffen Dix Pontifícia Universidade Católica Portuguesa

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v23p343-379

Palavras-chave:

Europa, história cultural, mitologia clássica, Fernando Pessoa, Sophia Mello Breyner Andresen

Resumo

A mitologia clássica representou, e continua a representar, um elemento importante da história cultural da Europa. Em períodos diferentes e com funções diversas, os deuses reapareceram na literatura, na filosofia ou nas artes europeias, e contribuíram, assim, significativamente para a formação da moderna consciência europeia. A primeira parte deste artigo consiste numa observação breve de alguns dos momentos historicamente mais expressivos de revitalização mitológica. Na segunda parte do ensaio, pretende-se uma identificação de dois momentos de reaparecimento da mitologia clássica em Portugal, contextualizando particularmente “o regresso dos deuses” em Fernando Pessoa e em Sophia Mello Breyner Andresen. Na medida em que assumem uma função concreta num ambiente de desassossegos transcendentais e de inquietações socioculturais, os deuses não representam simplesmente alguns hóspedes fugazes dentro da poesia ou prosa de Pessoa e de Sophia Mello Breyner Andresen. Ou seja, pretende-se, concretamente, um entendimento da função dos deuses na obra dos dois.

Biografia do Autor

Steffen Dix, Pontifícia Universidade Católica Portuguesa

Universidade de Tubingen

Referências

ANDRESEN, Sophia M. B. e SENA, Jorge de, (2006): Correspondência 1959-1978, Lisboa, Guerra & Paz.

ANDRESEN, Sophia Mello Breyner, (1967): “Hölderlin ou o Lugar do Poeta”, Jornal do Comércio (Letras, Artes, Actualidades) 1/11, 30-31.

ANDRESEN, Sophia Mello Breyner, (1999): Obra Poética V.II e III, Lisboa, Caminho.

ANDRESEN, Sophia Mello Breyner, (2019): O Nu na Antiguidade Clássica / Antologia de Poemas sobre a Grécia e Roma, Lisboa, Assírio & Alvim.

BAUDELAIRE, Charles, (1961): “L’École païenne” in: Ch. Baudelaire, Œuvre Complètes, Paris, Pléiade, (621-628).

BLUMENBERG, Hans, (2019): Arbeit am Mythos, Frankfurt am Main, Suhrkamp.

BURCKHARDT, Jacob, (1988): Die Kultur der Renaissance in Italien, Stuttgart, Kröner Verlag.

CALASSO, Robert, (2003): Die Literatur und die Götter, München, Carl Hanser Verlag.

CAMUS, Albert, (1971): “Prométhée aux enfers”, in: Albert Camus, L’Été, Paris, Gallimard-Folio.

CEIA, Carlos, (2019): “Inquérito sobre a inteireza do ser na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen”, in: Pontes de Vista http://revistapontesdevista.com/2019/10/inquerito-sobre-a-inteireza-do-ser-na-poesia-de-sophia-de-mello-breyner-andresen/ (consultado 16.12.2020)

FABRE, Gladys (org.), (1990): Antiguitat/moderitat en l’art del segle XX, Barcelona, Fundació Joan Miró.

GOETHE, Johann Wolfgang, (1979): Gedichte und Epen, in: J.W. Goethe, Goethes Werke V.I, München, C.H.Beck.

GOMBRICH, Ernst H., (1992): Aby Warburg. Eine intellektuelle Biografie, Frankfurt/Main, Europäische Verlagsanstalt.

GUERREIRO, António, (1989): “Os poemas de Sophia”, Expresso (15 de julho), 54-57.

GUTHMÜLLER, Bodo, (1986): Studien zur antiken Mythologie in der italienischen Renaissance, Weinheim, Acta Humaniora.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich (1970): Vorlesungen zur Ästhetik II, in: G.W.F. Hegel, Werke XIV, Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich, (2009): O Mais Antigo Programa Sistemático do Idealismo Alemão, (trad. de Artur Morão), Covilhã, Universidade da Beira Interior, 2009. http://www.lusosofia.net/textos/hegel_programa_do_idealismo_alemao.pdf (consultado 08.12.2020)

HEINE, Heinrich, (1978): “Die Götter Griechenlands”, in: H. Heine, Historisch-kritische Gesamtausgabe der Werke V.I/1, Hamburg: Hoffmann und Campe, (412-417).

HÖLDERLIN, Friedrich (1951). “Brod und Wein”, in: F. Hölderlin, Sämtliche Werke: Gedichte nach 1800 V. II/1, Stuttgart: Kohlhammer, (90-95).

HÖLDERLIN, Friedrich, (2001): “O pão e o vinho”, (trad. Maria Teresa Dias Furtado), in: M.H. Monteiro (ed.), Rosa do Mundo, Lisboa, Assírio & Alvim, (1006-1008).

HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor, (1989): Dialektik der Aufklärung, Leipzig, Reclam.

MALHEIRO, Helena, (2015): “Do caos ao cosmos: A recriação dos mitos em Sophia de Mello Breyner Andresen”, A.N. Pena, et.al (org.), Revisitar o Mito / Myths Revisited, V.N. Familicão, Edições Húmus, (307-316).

MALHEIRO, Helena, (2016): “De Pessoa a Sophia: um Diálogo Intertextual de Reunificação do Ser”, Vila Maior, Dionísio e Rita, Annabela (org.), 100 Orpheu, Porto, Edições Esgotadas, (449-460).

MARQUARD, Odo, (1981): “Lob des Polytheismus. Über Monomythie und Polymythie”, in: O. Marquard, Abschied vom Prinzipiellen, Stuttgart, Reclam, (91-116).

MARX, Karl, (1983): “Grundrisse der Kritik der politischen Ökonomie”, in: K. Marx e F. Engels, Werke V.42, Berlin, Dietz Verlag.

NIETSCHE, Friedrich, (1988a): Die Geburt der Tragödie, Berlin/New York, dtv/de Gruyter.

NIETSCHE, Friedrich, (1988b): Jenseits von Gut und Böse; Zur Genealogie der Moral, Berlin/New York, dtv/de Gruyter.

PANOFSKY, Erwin, (1944): “Renaissance and Renascences”, The Kenyon Review 6/2, (Spring), (201-236).

PESSOA, Fernando, (1980): Ultimatum e Páginas de Sociologia Política, ed. Joel Serrão, Lisboa, Ática.

PESSOA, Fernando, (2004): Mensagem, ed. Fernando Cabral Martins, Lisboa, Assírio&Alvim.

PESSOA, Fernando, (2009): Sensacionismo e outros Ismos, ed. Jerónimo Pizarro, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

PESSOA, Fernando, (2013a): Livro do Desassossego, ed. Jerónimo Pizarro, Lisboa, Tinta da China.

PESSOA, Fernando, (2013b): O Regresso dos Deuses e outros escritos de António Mora, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim.

PESSOA, Fernando, (2014): Álvaro de Campos: Obra Completa, ed. Jerónimo Pizarro e Antonio Cardiello, Lisboa, Tinta da China.

PESSOA, Fernando, (2016a): Obra Completa de Alberto Caeiro, ed. Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari, Lisboa, Tinta da China.

PESSOA, Fernando, (2016b): Ricardo Reis: Obra Completa, ed. Jerónimo Pizarro e Jorge Uribe, Lisboa, Tinta da China.

PITELLA, Carlos, (2017): “Juliano Apóstata: um poema em três arquivos”, Pessoa Plural 12 (O./Fall), (457-488).

RICO, Maria João Toscano, (2015): “The Reception of Myth in Fernando Pessoa”, A.N. Pena, et.al (org.), Revisitar o Mito / Myths Revisited, V.N. Familicão, Edições Húmus, (199-215).

SCHILLER, Friedrich, (2005): Gedichte, in: F. Schiller, Sämtliche Werke V.1, Berlin, Aufbau Verlag.

SEZNEC, Jean Joseph, (1972): The survival of the pagan gods. The mythological tradition and its place in Renaissance humanism and art, Princeton/NJ, Princeton University Press.

VEYNE, Paul, (1983): Les Grecs ont-ils cru à leurs mythes?, Paris, Editions du Seuil.

WARBURG, Aby, (1998): “Die Erneuerung der heidnischen Antike. Kulturwissenschaftliche Beiträge zur Geschichte der europäischen Renaissance”, in: A. Warburg, Gesammelte Schriften I-1/2, Berlin, Akademie Verlag.

WEBER, Max, (2002): „Wissenschaft als Beruf“, in M. Weber, Schriften 1894-1922, Stuttgart, Kröner Verlag.

WERTHEIMER, Jürgen, (2020): Europa, München, Penguin Verlag.

Downloads

Publicado

2021-04-15

Como Citar

Dix, S. (2021). Os deuses são uma funcção do estylo: A mitologia clássica na história cultural da Europa. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 11(23), 343–379. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v23p343-379