Tolstói e a escritura do niilismo

Autores

  • Jimmy Sudario Cabral Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2023v31p54-72

Palavras-chave:

Tolstói; Filosofia; Arte; Niilismo; Antiniilismo., Tolstói, Filosofia, Arte, Niilismo, Antiniilismo

Resumo

O artigo analisa a presença e o significado do niilismo na arte e no pensamento de Tolstói. Argumento que a criteriologia filosófica de Jacobi, a definição do idealismo como um niilismo, alcança o essencial do que se pode chamar de “niilismo de Tolstói”, lançando luzes sobre uma escritura que traduziu, ao mesmo tempo, o niilismo e o antiniilismo do pensador e do artista de Iasnaia Poliana. Da mesma forma, argumento que o narcisismo que habita o idealismo encontrou na escritura do romance russo uma experiência de interrupção, que buscou, tal como encontramos na escritura de Tolstói, ir além dos excessos de uma consciência incapaz de sair de si mesma. Por fim, considero que os conflitos entre o pensador e o artista, que se mantiveram ininterruptamente presentes na trajetória de Tolstói, devem ser lidos à luz do desenraizamento da modernidade russa, dos excessos de consciência encarnados nos seus Hamlets, e na procura, quixotesca, que é o princípio antiniilista do romance russo, por uma verdade que se encontra fora da pessoa isolada.

Biografia do Autor

Jimmy Sudario Cabral, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora. Coordenador do Núcleo de Estudos da Religião em Dostoiévski e Tolstói, Nerdt. jimmy.sudario@gmail.com

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Publicado

2023-12-27

Como Citar

Cabral, J. S. (2023). Tolstói e a escritura do niilismo. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 13(31), 54–72. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2023v31p54-72