A arte perdida das escrituras
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2025.73313Resumo
Publicado originalmente em inglês sob o título The Lost Art of Scripture: Rescuing the Sacred Text e vertido ao português em edição recente (2024) pela Companhia das Letras, o volumoso ensaio A Arte Perdida das Escrituras, de Karen Armstrong, apresenta-se como uma das mais ambiciosas tentativas contemporâneas de repensar o lugar dos textos sagrados no imaginário religioso e cultural da humanidade, não a partir de uma perspectiva dogmática ou apologética, mas por meio de uma análise histórico-comparativa que percorre as mais variadas tradições – do judaísmo antigo à modernidade ocidental, passando pelo cristianismo, pelo islã, pelo hinduísmo e pelo budismo –, sempre com a intenção de mostrar que o que hoje se convencionou tratar como escritura foi, em seus contextos originários, menos um compêndio de verdades absolutas a serem cridas e mais uma prática estética, comunitária e ritual, cujo sentido se desdobra justamente na medida em que resiste à fixidez de interpretações unívocas. Assim, em contraposição às leituras fundamentalistas que, ao longo dos séculos XIX e XX, reduziram tais textos a registros factuais, bem como às abordagens racionalistas que os descartaram como meras superstições, Armstrong propõe recuperar a escritura como arte, como espaço simbólico em que mito, rito, memória e silêncio confluem para produzir não tanto um sistema dogmático quanto uma experiência transformadora, estética e ética, que tem por horizonte último a formação de comunidades compassivas e a abertura ao inefável.
Referências
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