Teofania e niilismo: leituras zizekianas de um haicai de Adélia Prado
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v21p498-517Palabras clave:
Niilismo. Adélia Prado. Žižek. Haicai. Mística.Resumen
Este texto visa apresentar uma contribuição à filosofia da religião a partir da leitura do poema "Artefato nipônico" de Adélia Prado através da estruturação do haicai apresentada por Žižek, tendo como chave o conceito de acontecimento, contando, sobretudo, com contribuições de Heidegger. Desta forma, relacionaremos os conceitos de acontecimento, nada e Deus, mostrando como a literatura pode ser, para além de locus privilegiado da experiência estética, ponto de partida para se entender o fenômeno religioso. Nesse sentido, pode-se apontar para uma teoria da religião entre niilismo e teofania. A relação entre Deus e nada, no poema de Adélia não deve ser entendida como contraditória nem sequencial. Isso significa que há, nesta leitura, a estreita relação entre os dois termos, de modo que o primeiro, como corte da paisagem estática, é o movimento que gera o acontecimento em si - e este é nada. Partindo, então, dos três versos desse poema, busca-se uma forma de conceituar religião: extraindo consequências filosóficas deste haicai. Por fim, indicamos como o nada pode ser entendido como silêncio místico. Nesse ponto, pode-se indicar uma teologia às avessas: ela não expressa o Deus que vem do nada, mas o nada que vem de Deus.
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