O Nabo Vermelho:
o Haicai Japonês e a Mística Literária das coisas
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v24p526-548Palabras clave:
Mística literária das coisas, Haicai, Zen, Satori, EspantoResumen
O haicai japonês é uma forma poética que tem como temática principal a experiência com as coisas. O apontar das coisas no haicai está relacionado ao contexto zen em que teve origem, sendo uma representação da experiência de satori, iluminação súbita. Roland Barthes sistematiza no haicai três importantes operações semióticas: isso foi, é isso! e o apenas isso. Cada uma dessas operações apontam as coisas, sendo a primeira uma operação de autoridade, a segunda de insight e a terceira de naturalidade. Este artigo, parte dessas reflexões em torno do haicai em busca de termos que permitam abordar poemas que expressam experiência religiosa que se dão no contato com as coisas, no que proponho chamar de mística literária das coisas. Uma expressão que pretende reunir impulsos religiosos dentro da literatura que tenham semelhanças eletivas com aquilo que é expresso no haicai e que tenha autoridade, insight e que busque naturalidade nas coisas.
Citas
ALVES, Rubem. O enigma da religião. 3ª Ed. Campinas: Papirus, 1984.
ALVES, Rubem.Variações sobre a vida e a morte. São Paulo: Edições Paulinas, 1982.
ANDRADE, Clodomir Barros de. A não dualidade do um (Bramãdvaita) e a não dualidade do zero(Súnyatãdvaya) na índia antiga. Tese de Doutoramento, Juiz de Fora, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião PPCIR - UFJF, 2013.
BARTHES, Roland. A preparação do romance: I- Da vida à obra. São Paulo: Martins Fontes, 2005
BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Editora Perspectiva, 1987.
BASHO. Trilha estreita ao confim.São Paulo: Iluminuras, 2008.
BERGER, Peter. O dossel sagrado: elementos de uma sociologia da religião. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
BEZERRA, Cícero Cunha. Clarice Lispector: acontecimento, Deus e literatura. In. Horizonte. Belo Horizonte, v.15, n. 48, p. 1504-1524, out./dez. 2017.
BEZERRA, Cícero Cunha. Clarice Lispector e as fronteiras do Nada: ensaio sobre filosofia e literatura. O eixo e a roda: revista de literatura brasileira, Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 57-73, 2017.
CALVANI, Carlos Eduardo. Teologia da Arte. São Paulo: Fonte Editorial, 2010.
CAMPBELL, Colin. A orientalização do Ocidente: reflexões sobre uma nova teodiceia para um novo milênio. Religião e Sociedade, 18, n. 1, 1997. p. 5-22.
CAMPBELL, Colin.A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2001
CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2006.
CHENG, Anne. História do pensamento chinês. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
COX, Harvey. A festa dos foliões: um ensaio teológico sobre a festividade e fantasia. Petrópolis: Vozes, 1974.
DOI, Elza Taeko; FRANCHETTI, Paulo. Haicai – Antologia e História. Campinas, Editora da UNICAMP, 2012.
DRUMMOND, Carlos... de Andrade. Reunião, 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1980.
FERLINGHETTI, Lawrence. Starting from San Francisco. New York: A New Directions Paperbook, s/d.
FROESE, Katrin. Nietzsche,Heidegger and Daoist Thought: Crossing Paths In-between. Albany: State University of New York Press, 2006.
ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. São Paulo: Perspectiva, 2008.
ECO, Umberto. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1991.
HUXLEY, Aldous. As portas da percepção; Céu e inferno. São Paulo: Biblioteca Azul, 2015.
INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, nº 37, 2012, pp. 25-44.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
KAHLMEYER-MERTENS, Roberto Saraiva. Fenomenologia do Haicai – Gênese, desenvolvimento e ressonâncias da poesia de Luis Antônio Pimentel. Niterói: Nipress, 2010.
KAHLMEYER-MERTENS, Roberto Saraiva. Verdade-Metafísica-Poesia – Um ensaio a partir dos haicais de Luis Antônio Pimentel. Niterói: Nitpress, 2007.
LEMINSKI, Paulo. Ensaios e Anseios Crípticos. RUIZ, Alice. LEMINSKI, Áurea (organização e seleção). Curitiba: Pólo Editorial do Paraná, 1997.
LISPECTOR, Clarice. A maça no escuro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1982.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.
LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998
LOBO, Luiza. O haikai e a crise da metafísica. Rio de Janeiro: Numem Ed., 1993.
MANSUR, Guilherme; RUIZ, Alice. Hai Kais. Ouro Preto: Edição de Autor de Guilherme Mansur, 1998.
McLUHAN, Marshal. Os Meios de Comunicação – Como extensões do homem. Tradução Décio Pignatari. – São Paulo SP: Cultrix, 1971.
MERTON, Thomas. A via de Chuang-Tzu. Petrópolis: Vozes, 1969.
MERTON, Thomas.Místicos e Mestres Zen. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 1972.
MERTON, Thomas. Zen e as Aves de Rapina. São Paulo: Cultrix, 1993.
PAZ, Octávio. Signos em rotação. São Paulo: Editora Perspectiva, 1996.
PESSOA, Fernando. Poemas de Alberto Caeiro – Obra poética II. Porto Alegre: L&PM Editores, 2011.
PUCHEU, Alberto. Escritos de Admiração. In: Poesia (e) Filosofia. Org. Alberto Pucheu. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.
RUIZ S, Alice. Dois em um. São Paulo: Iluminuras, 2008.
SAID, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
TEIXEIRA, Faustino. O haikai e a revelação do instante. Interações: Cultura e Comunidade, v. 10, Belo Horizonte, Brasil, v. 10 n.17, p. 48-61Jan/Jun 2015
TILLICH, Paul. Dinâmica da Fé. São Leopoldo, RS: Editora Sinodal, 1985.
TILLICH, Paul. Teologia da Cultura. São Paulo: Fonte Editorial, 2009.
TILLICH, Paul. Textos Selecionados. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.
TOBIAS, Vinicius. Metal-Físico: Ensaio poético, crítico e fotográfico acerca do inatingível. Trabalho de Conclusão do Curso de Comunicação Social / UFSJ. São João del-Rei: 2013
TOBIAS, Vinicius.Os yoguins do séc. XXI: o aprendiz orientalista pós-tradicional na música de BNegão e Walter Franco. Dissertação de Mestrado, Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2018
WATTS, Alan. The Way of Zen. New York: Vintage, 1989.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Teoliteraria - Revista de Literaturas y Teologías (On Line) ISSN 2236-9937
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
La Teoliteraria - Revista Brasileira de Literaturas e Teologías es detentora de los derechos autorales de todos los artículos publicados por ella. La reproducción total de los artículos de ésta revista en otras publicaciones, o para cualquier otro fin, por cualquier medio requiere autorización por escrito del editor de este periódico. Reproducciones parciales de artículos (resúmenes, abstrac, más de 500 palabras de texto, tablas, figuras y otras ilustraciones) deberán tener permiso por escrito del editor y de los autores.