A escrita (im)possível da sobrevivente
os rostos lévinasianos em obras literárias de Scholastique Mukasonga
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2021v25p297-325Palabras clave:
Rosto, Substituição, Escrita sobrevivente, Testemunho, Scholastique MukasongaResumen
O pensamento de Levinas poderia nos conduzir a uma leitura ética de textos literários? De que forma conceitos como os de Rosto, Testemunho, Substituição, podem nos guiar na aproximação da escrita autoral, de um outro que relata, narra? No presente artigo nos aproximamos dos rostos femininos de Scholastique Mukasonga para arriscarmos, a partir da perspectiva levinasiana, um exercício de leitura ética de alguns de seus textos: Baratas (2006); A mulher dos pés descalços (2008) e Nossa Senhora do Nilo (2012). As três obras podem ser compreendidas com um ciclo testemunhal da autora, abordando questões correlatas a Ruanda e ao genocídio tutsi de 1994. Abordamos também algumas especificidades: relativas ao feminino, seus rostos manifestos na escrita (ditos) e nas vozes por ela reveladas (dizer), travando um diálogo entre as palavras de Scholastique, de Levinas e dos comentadores desse; a respeito do atravessamento da morte e do luto nas obras como as de Mukasonga, que narram situações violentas, por vezes inomináveis, limítrofes entre o sofrimento e o horror; e finalmente, sobre o fazer face a tudo isso, o que é em grande medida propiciado pela escrita (im)possível, tão urgente quanto necessária aos tempos presentes.
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