A profanação do ser da guerra e da guerra do ser: uma releitura da obra O prisioneiro, de Erico Verissimo, por um viés teológico-literário.
DOI :
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v21p589-605Mots-clés :
Literatura, dispositivos, profanaçãoRésumé
O escopo deste trabalho é apontar o texto literário como um dispositivo-lúdico-profanatório, por meio da análise teológico-literária da obra O Prisioneiro, de Erico Verissimo (1967), cujo intuito é destacar elementos relacionados ao comportamento do ser humano que se encontra capturado em diversos níveis pelo poder. A partir dos conceitos de dialogismo e polifonia, de Mikhail Bakhtin, de iluminação profana, de Walter Benjamin e de dispositivo, de Giorgio Agamben, busca-se discorrer sobre a queda da linguagem, que se apresenta monológica (sacralizada) pelos excessos, para então ascender e se revelar dialógica (profana), com o intuito de ressaltar a função transformadora da literatura pelo jogo que faz com as palavras, por meio dos ditos e não-ditos que fazem da linguagem reveladora de realidades e como meio de renovação e crescimento humano. Em O Prisioneiro, o autor apresenta um personagem ambíguo, confuso entre o remorso e a impenitência, conflitos cunhados pelo sistema que faz do indivíduo um instrumento de interesses econômicos e políticos. Se o sistema dita e desdita as regras, a literatura quebra o silêncio imposto ao ser que foi afastado de verdades importantes para o restabelecimento do conhecimento e retomada de posição crítica e ativa. Por intermédio da simbologia da obra, percebe-se o jogo cujas peças são expostas pela linguagem literária como caminho para a profanação dos dispositivos.
Palavras-chave: Dispositivos, sacralização, profanação, literatura, O Prisioneiro.
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