A possibilidade da dimensão religiosa nos heróis degradados dos contos de Marçal Aquino
DOI:
https://doi.org/10.19143/2236-9937.2016v5n10p167-185Palavras-chave:
Marçal Aquino. Novo realismo. Violência brasileira. Experiência religiosa.Resumo
O presente artigo propõe contribuir com as análises críticas e teológicas no que concerne à compreensão do ser humano enquanto imagem de Deus, a partir do novo realismo literário brasileiro. O herói demoníaco em sua trajetória dramática, conforme conceituado por Lukács, aparecerá nos romances de Marçal Aquino, como em O invasor (2002), Cabeça a prêmio (2003) e Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (2005), mas, já estaria expresso, anteriormente, em sua coleção de contos intitulada Famílias terrivelmente felizes (2003), obra que concentra o projeto literário e estilístico do autor. No que diz respeito à história político-social brasileira, estes contos foram escritos em um período de transição, do fim do regime militar à abertura e redemocratização da nação, sendo que vinte e um anos separam o primeiro conto (1981) do último (2002). Ressaltaremos que, por mais que os heróis socialmente marginalizados, de Famílias terrivelmente felizes, atravessem constantemente por experiências de morte, que dilaceram seus rostos e os subjugam a estados animalescos, em situações demarcadas pela ausência da justiça e do bem-estar, a experiência religiosa ainda vigora. O princípio teológico da imago Dei nos faz perceber isso.Referências
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