Revista Aurora nº 47 no ar com o dossiê Inteligência Artificial: questões éticas e estéticas - Parte 1
Temos o prazer de apresentar a primeira parte do dossiê "Inteligência Artificial: questões éticas e estéticas". Devido a quantidade de artigos submetido para a nossa chamada, foi necessário dividir o dossiê em duas partes, sendo a primeira agora públicada na edição de número 47 da revisra e a segunda parte a ser públicada na edição 48, prevista para dezembro de 2023.
Abrimos o dossiê com o artigo-ensaio "O canto da sereIA", de Luiz Vianna Sobrinho, da Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz e um dos fundadores da ELA-IA - Estratégia Latino Americana de Inteligência Artificial. O autor direciona o olhar crítico para a atenção à saúde, a prática médica e a virada epistemológica da medicina de dados, chamando a atenção para o domínio do conhecimento advindo da IA e para a necessidade de acesso ao conhecimento socialmente construído que se anuncia, enquanto algo crucial para a ética tecnológica.
Seguimos com os alertas da ficção científica, gênero narrativo que sempre se caracterizou pela problematização da tecnologia e contribuição à percepção pública dos perigos do progresso tecnológico desenfreado. Em "Um futuro laboral distópico prenunciado na série Westworld da HBO Max", Cíntia Coelho da Silva, pesquisadora em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, através de metodologia de análise crítica do discurso, explora os aspectos antecipatórios presentes na narrativa futurista de Westworld, como a indistinção entre o elemento humano e o artificial, extraindo conhecimentos oportunos para uma realidade que já experimentamos.
Em "Devir, rizoma e transversalidade em Cyberpunk 2077: uma crítica às sociedades de controle a partir de uma leitura deleuziana", o pesquisador Gilmar da Silva Montargil, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, traz para a reflexão o game lançado em 2020 que apresenta um futuro em que já não é possível desconectar a mente do ciberespaço. Com uma abordagem deleuziana, o autor destaca como Cyberpunk 2077 problematiza os mecanismos de agenciamento da sociedade de controle, alertando para um eventual descarte do corpo pelo tecnocapitalismo.
Gabriel Barros Bordignon, pesquisador Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, em seu artigo "Casas inteligentes, domesticidade digital e arquitetura contemporânea", discute a realidade da automação residencial com IA, bem como a compactação dos ambientes domésticos diante da expansão do cotidiano residencial para o ciberespaço.
A discussão sobre as práticas de uso da IA no campo da arte contemporânea estão presentes no artigo "IAs Generativas: a importância dos comandos para texto e imagem" dos pesquisadores do programa de Pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP, Anderson Röhe e Lucia Santaella. Eles analisam a relevância dos comandos no funcionamento do ChatGPT, gerador de textos, e do MidJourney, gerador de imagens, por meio de método indutivo-comparativo de seus diferentes sistemas de linguagem.
No artigo, "Da reprodução imagética às fissuras algorítmicas: vieses, desvios e outros campos de possíveis", Maria Cortez Salviano, pesquisadora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH-UNICAMP, indaga se os relacionamentos com a tecnologia no campo da arte pode oferecer respostas alternativas às formas danosas que a IA vem sendo aplicada, a partir de seu específico modo de conhecimento baseado em identificação de padrões e em probabilidades estatísticas.
Em "Por uma etnografia do poder na inteligência artificial, no capitalismo de vigilância e no colonialismo digital", Rafael Evangelista, pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor/Nudecri/Unicamp) e professor na pós graduação em Divulgação Científica e Cultural (IEL-UNICAMP), emprega conceitos derivados de diversas tradições teóricas para enfatizar a inextricável interrelação entre as ideias que circundam a inteligência artificial e seus efeitos tangíveis na construção material e na organização social do mundo contemporâneo.
A presente edição ainda conta com dois artigos de fluxo contínuo. O artigo "Novos desafios regulatórios: a recém-criada Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) em face da investigação do compartilhamento de dados entre Whatsapp e Facebook", de Carolina Guerra e João Bertholini da PUC-SP, analisa a primeira grande investigação da ANPD, criada em 2018, e seu poder de fogo em relação às Big Techs.
E, finalizando a edição, o artigo "Sobre Superman em Super Pride: conservadorismo e estética kitsch como elementos da representação LGBTI+ em quadrinhos americanos contemporâneos" de Mário Jorge de Paiva, da PUC-Rio, analisa a personagem Superman na edição comemorativa DC Pride 2022.