#FiqueEmCasa: responsividade ativa na propaganda política institucional frente à pandemia da Covid-19

Autores

Palavras-chave:

Dialogismo, Responsividade ativa, Discursos governamentais, Pandemia

Resumo

Esta pesquisa filia-se aos postulados do Círculo de Bakhtin no que se refere ao dialogismo da linguagem, em especial, à responsividade ativa atribuída a todo discurso que se faz em resposta a outros. Situada no âmbito da Análise Dialógica do Discurso, propomos uma interface com alguns elementos da Gramática Discursivo-Funcional para a análise linguística dos enunciados. Nosso objetivo é avaliar como a atitude responsiva se instaura no discurso do Governo do Estado de São Paulo em relação a declarações do governo federal, de modo a construir uma política institucional em tempos de pandemia da covid-19. Por meio da análise de dois vídeos, constatamos que a atitude responsiva que o Governo de São Paulo procura demonstrar não configura, necessariamente, atitudes de responsabilidades perante os menos favorecidos, entretanto, alcança seu objetivo, que é contrapor o discurso do governo federal para orientar as atitudes da população no cenário pandêmico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paula Tatiana da Silva-Antunes, Universidade Federal do Acre

Professora do Magistério Superior no Centro de Educação, Letras e Artes da Universidade Federal do Acre, câmpus-sede de Rio Branco, possui Graduação em Licenciatura em Letras - habilitação dupla português/espanhol - pela Universidade Estadual de Londrina (2006), Mestrado (2009) e Doutorado (2014) em Estudos da Linguagem pela mesma Universidade, além de ser licenciada em Pedagogia. Atua como líder de Grupo de Pesquisa na UFAC (GEADEL - Grupo de Estudo em Análise de Discurso e Ensino de Línguas); é coordenadora pedagógica da área de Português como Língua Estrangeira/Língua Adicional do Programa Idiomas sem Fronteiras (UFAC); coordena o projeto de pesquisa: "Políticas linguísticas para práticas de Português como língua não materna no contexto acreano" (2018-2021); coordenou as Ações de Extensão: "Ensino de Línguas Estrangeiras" (2014) e "Curso de Capacitação para Professores: Português Língua Estrangeira/Adicional (PLE/PLA)" (2016); atuou como docente do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores - 2017); Representante, no Estado do Acre, do Programa Escrevendo o Futuro (2018); Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade (UFAC). Possui experiência em Análise de Texto/Discurso; Formação de Professores; Ensino de Linguística, Linguística Aplicada, Língua Portuguesa e Metodologia de Pesquisa Científica. 

Gabriela Oliveira-Codinhoto, Universidade Federal do Acre

Tem graduação em Letras (2008) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), câmpus de São José do Rio Preto, e mestrado (2011) e doutorado (2016) em Estudos Linguísticos, ambos pela mesma instituição. Atualmente é professora do Centro de Educação, Letras e Artes da Universidade Federal do Acre - Ufac, câmpus-sede de Rio Branco, onde atua na área de Língua Portuguesa, nos cursos de graduação, e onde atua, também, como professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade (PPGLI) e do Programa de Pós-Graduação em Letras - Mestrado Profissional (ProfLetras). Publicou o livro "Estratégias de relativização e construções alternativas nas línguas indígenas do Brasil", em parceria com Roberto Gomes Camacho, pela Editora Cultura Acadêmica da UNESP em 2013. É pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Gramática Funcional (UNESP/CNPq) e do Grupo de Estudos em Análise de Discurso e Ensino de Línguas (Ufac/CNPq). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Gramática Funcional, atuando principalmente nos seguintes temas: Oração Relativa, Subordinação, Aquisição de Escrita, Línguas Indígenas Brasileiras e Tipologia Linguística. 

Aline Suelen Santos, Universidade Federal do Acre

Professora do Centro de Educação, Letras e Artes da Universidade Federal do Acre - UFAC, câmpus de Rio Branco, em regime de Dedicação Exclusiva, possui Graduação em Licenciatura em Letras - habilitação dupla português/inglês (2010) - pela Universidade Federal de Sergipe - UFS, Mestrado em Letras (2012), pela mesma instituição de ensino superior, Doutorado (2019) em Estudos Linguísticos, pela UNESP. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Leitura e Escrita. Atua principalmente nos seguintes temas: as construções discursivas na escrita; oralidade e letramento, texto e discurso, teoria e análise linguística, mitos e símbolos no discurso literário. É membro do grupo de pesquisa Estudos sobre a linguagem (UNESP) e membro do grupo de pesquisa Estudos em Análise de Discurso e Ensino de Línguas (UFAC).

Referências

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p.261-306.

BOLSONARO, F. #OBrasilNãoPodeParar. Twitter, 2020. Disponível em https://twitter.com/FlavioBolsonaro/status/1243367365254868992?s=20. Acesso em 25 abr. 2020.

BRASIL. Senado Federal. Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – Fake News. Disponível em https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?0&codcol=2292. Acesso em 15 jul. 2020.

CARIOCA, C. R. A manifestação da evidencialidade nas dissertações acadêmicas do português brasileiro contemporâneo. 2005. 115f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005. Disponível em http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/3608/1/2005_dis_crcarioca.pdf. Acesso em 22 set. 2020.

DALL’AGLIO-HATTNHER, M. M. A expressão lexical da evidencialidade: reflexões sobre a dedução e a percepção de evento. Entrepalavras, Fortaleza, v. 8, n. esp., p. 98-111, 2018. Disponível em http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/1244. Acesso em 01 maio, 2020.

FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.

GRILLO, S. Ensaio introdutório. In: VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário Sheila Grillo; Ekaterina V. Américo. São Paulo: Editora 34, 2017, p.7-80.

HENGEVELD, K.; MACKENZIE, L. Functional Discourse Grammar. A Typologically-based Theory of Language Structure. Oxford: Oxford University Press, 2008.

PEZATTI, E. G. Ordenação de constituintes em construções categorial, tética e apresentativa. DELTA (online), v. 28, n. 2, p.353-385, 2012. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-44502012000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 25 abr. 2020.

PREFEITO de Milão admite erro após campanha para não parar a cidade. Veja, 27 de mar. 2020. Disponível em https://veja.abril.com.br/mundo/prefeito-de-milao-admite-erro-apos-campanha-para-nao-parar-a-cidade/. Acesso em 07 ago. 2020.

ROJO, R.; MOURA, E. (orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.

ROJO, R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, R. (Org.). Escola conectada: os multiletramentos e as TICS. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p.13-36.

SABINO, M. Bolsonaro diz que vídeo da campanha “O Brasil Não Pode Parar” vazou. In: Estadão/UOL, Brasília, 29 de mar. 2020. Disponível em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/03/29/bolsonaro-diz-que-video-da-campanha-o-brasil-nao-pode-parar-vazou.htm. Acesso em 25 abr. 2020.

SANTAELLA, L. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.

SANTAELLA, L. Leitura de imagens. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012.

SÃO PAULO lança campanha ‘Fique em casa’ em contraponto ao vídeo ‘O Brasil não pode parar’. Huffpost, 30 de mar. 2020. Disponível em https://www.huffpostbrasil.com/amp/entry/sao-paulo-campanha-fique-em-casa_br_5e823772c5b623d8e5384939/. Acesso em 01 maio, 2020.

SECOM apaga posts e diz que campanha “O Brasil Não Pode Parar” não existe. Exame, 28 de mar. 2020. Disponível em https://exame.com/brasil/secom-apaga-posts-e-diz-que-campanha-o-brasil-nao-pode-parar-nao-existe/. Acesso em 25 abr. 2020.

STRUCK, J. P. Justiça suspende campanha “O Brasil Não Pode Parar”. In: DW Brasil, Brasil, 28 mar. 2020. Disponível em https://www.dw.com/pt-br/justi%C3%A7a-suspende-campanha-o-brasil-n%C3%A3o-pode-parar/a-52948560. Acesso em 25 abr. 2020.

VENDRAME, V. A evidencialidade em construções complexas. Estudos linguísticos (São Paulo), v. XXXIV, s/n, p.177-182, 2005. Disponível em http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-2005/4publica-estudos-2005-pdfs/a-evidencialidade-833.pdf?SQMSESSID=a38ffc79c82bcbe561e1c641326fd16c. Acesso em 22 set. 2020.

VENDRAME, V. Os verbos ver, ouvir e sentir e a expressão da evidencialidade em língua portuguesa. 2010. 176f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São José do Rio Preto, 2010.

VIVAS, F. ‘Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã’, diz Damares ao assumir Direitos Humanos. In: Portal G1, Brasília, 02 jan. 2019. Disponível em https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/02/estado-e-laico-mas-esta-ministra-e-terrivelmente-crista-diz-damares-ao-assumir-direitos-humanos.ghtml. Acesso em 28 jul. 2020.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário Sheila Grillo; Ekaterina V. Américo. Ensaio Introdutório Sheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2017.

WORLD Health Organization. Situation Report – 198. Disponível em https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200805-covid-19-sitrep-198.pdf?sfvrsn=f99d1754_2. Acesso em 28 set. 2020.

Publicado

2021-11-08

Como Citar

Silva-Antunes, P. T. da, Oliveira-Codinhoto, G., & Santos, A. S. (2021). #FiqueEmCasa: responsividade ativa na propaganda política institucional frente à pandemia da Covid-19 . Bakhtiniana. Revista De Estudos Do Discurso, 16(4), Port. 97–121 / En. 103. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/50095

Edição

Seção

Artigos