“O amor é o que o amor faz” — histórias de representatividade e pertencimento em Amor de cabelo, de Matthew A. Cherry
Palavras-chave:
Literatura infantil, Cabelo crespo, Autoria negra, IlustraçãoResumo
Este texto reflete sobre a representatividade do cabelo crespo como elemento de pertencimento racial na literatura infantil, ancorando-se no livro Amor de cabelo, do diretor, produtor e escritor negro norte-americano Matthew A. Cherry. Para tanto, investiga como as imagens da ilustradora Vashti Harrison, também uma norte-americana negra, comungam com o texto para expressarem uma visão da pessoa negra e de seu núcleo familiar sem os estereótipos usuais. Cotejando a noção de amor de bell hooks, esta análise empreende uma leitura que vagueia tanto pelos aspectos temáticos como estruturais da narrativa, tendo como hipótese de que o livro, sem fazer alusão direta, é um contradiscurso ao racismo que se origina no período da escravização, cujos efeitos podem ser sentidos até hoje. Do ponto de vista teórico, além de hooks, fundamenta esta leitura uma rede conceitual norteada pelos estudos de Eliane Debus, Grada Kilomba e Nilma Lina Gomes.
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