As infâncias de Bitita e Juan Francisco Manzano: autobiografia como fabulação crítica na autoria negra
Palabras clave:
Autobiografia, Infância, Raça, Liberdade, FabulaçãoResumen
O artigo busca compreender os efeitos do sistema colonial-escravista nas percepções de infância a partir da análise de duas obras autobiográficas. A primeira apresenta Juan Francisco Manzano narrando suas memórias enquanto menino escravizado na Cuba do início do século XIX, em A autobiografia do poeta escravo (1840). Na segunda, acompanhamos Bitita em Diário de Bitita (1982), de Carolina Maria de Jesus, cuja narrativa visibiliza os caminhos pelos quais o colonialismo foi estruturando a sociedade brasileira no pós-abolição. Ao marcar dois momentos históricos distintos, procuramos vislumbrar os caminhos pelos quais o gênero literário da autobiografia permite a afirmação da autoria negra para além de um único viés denunciativo, acompanhando as negociações possíveis nesse sentido que edificam modos singulares de se fazer literatura. Entendemos então os movimentos de fabulação crítica presentes nas obras como práticas de liberdade e construção de identidade.
Citas
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray. BENTO, Maria Aparecida Silva (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.
CÔRTES, Joana. Presidente de Portugal reconhece culpa pela escravidão no Brasil. Rádio Nacional de São Paulo. São Paulo, 24 abr. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/internacional/ udio/2024-04/presidente-de-portugal-reconhece-culpa-pela-escravidao-no-brasil. Acesso em: 25 abr. 2024.
FARIAS, Tom. Carolina: uma biografia. Rio de Janeiro: Malê, 2018.
FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
GONZALES, Lélia. A categoria político-cultural da Amefricanidade. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque (org.) Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
HARTMAN, Saidiya. Perder a mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
HARTMAN, Saidiya. Vidas rebeldes, belos experimentos: histórias íntimas de meninas negras desordeiras, mulheres encrenqueiras e queers radicais. São Paulo: Fósforo, 2022.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo – diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014. [1960]
JESUS, Carolina Maria de. Diário de Bitita. São Paulo: SESI-SP Editora, 2014. [1982]
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. In: Jovita Maria Gerheim Noronha (Org.). Tradução de Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
LIMA, Claudia. Reedição de “Casa de alvenaria” joga luz à obra de Carolina de Jesus, Revista Elle, 4 set. 2021. Disponível em: https://elle.com.br/cultura/carolina-de-jesus . Acesso em: 18 abr. 2024.
LOPES, Nei. Novo dicionário Banto do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.
MANZANO, Juan Francisco. A autobiografia do poeta-escravo. Organização e tradução Alex Castro. São Paulo: Hedra, 2015. [1840]
MORRISON, Toni. A origem dos outros: seis ensaios sobre racismo e literatura. Tradução de Fernanda Abreu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
OLIVEIRA, Rafael Domingos. Vozes afro-atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade. São Paulo: Elefante, 2022.
SANTOS, Yuri Andrei Batista; TORGA, Vânia Lúcia Menezes. Autobiografia e (res)significação. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, v. 15, n. 2, pp. 119–144, abr. 2020.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores le conceden a la revista todos los derechos autorales referentes a los trabajos publicados. Los conceptos emitidos en los artículos firmados son de absoluta y exclusiva responsabilidad de sus autores.





