<strong>ORGANIZAÇÃO CURRICULAR EM ÁREAS DO CONHECIMENTO: O NOME DA POLÍTICA CURRICULAR DE CICLOS EM RONDONÓPOLIS-MT</strong>
Palavras-chave:
política curricular, teoria do discurso, democracia, ciclosResumo
Neste artigo, a partir de uma perspectiva discursiva e pós-fundacionalista, analisamos aspectos da política curricular de ciclos na Rede Municipal de Ensino de Rondonópolis (MT), no período de 2000-2011, como uma produção discursiva, na qual sentidos disputam por hegemonização. Consideramos que democracia (ou derivações deste sintagma) é um significante privilegiado no discurso da mudança educativa, nomeando aquilo que é necessário, mas impossível, pois pode existir apenas de modo místico ao representar uma falta que constitui o social. A organização curricular por áreas de conhecimento é o nome hegemonizado na política de ciclos, ao condensar sentidos difusos em uma representação precária e provisória de democratização da escola, visto que nele se inscrevem discursos de pretensão científica, argumentos mais progressistas, reivindicações populares ou neoliberais. A articulação discursiva que sustenta tal hegemonização não resulta de consensos, mas, ao contrário, da equivalência entre demandas particulares a partir da leitura que fazem do fracasso escolar como algo que ameaça sua constituição plena. Neste jogo de linguagem, o inimigo comum que desejam combater se constitui como o exterior mesmo que possibilita, transitoriamente, fechar a articulação discursiva e, com ela, a significação precária do que seja uma escola democrática. Propomos, então, pensar a democracia desde uma perspectiva radical e plural e vislumbrar a educação, a escola e o currículo como espaços plurais em que a possibilidade de negociação de sentidos com diferentes demandas, considerando o lugar do poder (o universal) como vazio, esteja sempre aberta.
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