Verde-hódos, verde-metá
por uma infância metodológica
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2022v20i3p1189-1214Palavras-chave:
políticas de formação, políticas de subjetivação, currículo, infância, cartografiaResumo
“Você ainda está verde.” A afirmação proferida no espaço acadêmico-escolarizado de mestrado fez-se pergunta: o que pode uma pesquisa verde? A oposição verde/maduro circunstancia políticas formativas e subjetivas em cena (e disputa) no cenário cotidiano e acadêmico. Nesse sentido, ocupamo-nos em afirmar o verde e fazê-lo trabalhar, aliás, brincar. Quando o que está posto é: ‘não pensem, copiem as ideias pré-fabricadas’, o verde apresenta uma questão à academia, faz a máquina escolar (curricular) desfuncionar, forçando-a a pensar. No entanto, como pôr o verde a trabalhar? Apostamos na literatura infantojuvenil como intercessor, mais precisamente O menino do dedo verde (DRUON, 1976). Tistu, protagonista da narrativa, é quem empresta o polegar verde – munido de uma transgressão metodológica, que desvia do caminho acadêmico mercadológico desenvolvimentista e moral. Com Tistu, semeamos uma vida, revolvendo as terras de um currículo e/ou de uma metodologia de pesquisa que toma o verde como hódos (caminho) e também como metá (meta, objetivo).
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