Mimografia ou dos Rastros da Língua de Sinais como patrimônio cultural
DOI:
https://doi.org/10.23925/2318-7115.2019v40i3a8Palavras-chave:
, Língua de sinais, Roch-Ambroise Auguste Bébian, Mimographie, Escrita de sinais, RememoraçãoResumo
No âmbito da luta pelos direitos à educação igual para todos, encontra-se a luta por uma educação bilíngue para surdos. Neste texto, apresentamos uma problematização e uma demanda. Argumentamos que a aceitação da cultura, da identidade e da visão de mundo das pessoas surdas envolve não esquecer as obras e o patrimônio na secular luta pelos seus direitos. Por esse motivo, a proposta deste artigo visa divulgar entre os pesquisadores da língua de sinais os esforços empenhados por Ferdinand Berthier e por Roch-Ambroise Auguste Bébian, em especial a sua obra Mimographie ou Essai d’écriture mimique, propre a régulariser le langue des sourds-muets[1], de 1825. Acreditamos que, além de se destacar a obra de William C. Stokoe, incorporar a obra e a ação de professores e militantes surdos franceses na luta pelo reconhecimento da língua de sinais é, simultaneamente, um resgate e uma importante estratégia[1] Em tradução livre: Mimografia ou Ensaio de uma escrita da mímica, própria para regularizar a língua dos surdos-mudos.
Metrics
Referências
AGUIAR, T.C.; CHAIBUE, K. 2015. Histórico das Escritas de Línguas de Sinais. Revista Virtual de Cultura Surda, n.15, mar. 2015, pp. 1-28.
ALMEIDA, M.L.G. de. 2016. Importância da escrita de sinais acoplado ao Ensino de Libras na ótica dos professores de uma escola bilingue para surdos na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado, Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo.
BARBOSA, G.O. 2017. A arte de escrever em Libras. Dissertação de Mestrado, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina.
BÉBIAN, R-A.A. 1825. Mimographie, ou Essai d’écriture mimique, propre a régulariser le langue des sourds-muets. Paris: Chez Louis Colas Libraire. Disponível online em: https://archive.org/details/BebianMimographieLangageSourdsMuets1825/page/n45. Acesso em: 04 maio 2016.
BENJAMIN, W. 1987. O narrador: Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: ____ Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, pp. 197-221 (Obras escolhidas v. 1).
BENJAMIN, W. 2012. Sobre o conceito da História. In: ____. O anjo da história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, pp. 7-20.
BENJAMIN, W. 1987. A doutrina das semelhanças. In: ____. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, pp. 108-113. (Obras escolhidas v. 1).
BERTHIER, F. 1840. Les sourds-muets, avant et depuis l’abbé de l’Épée. Paris: Ledoyen, 1840. Disponível online em: https://archive.org/details/BIUSante_67658. Acesso em: 10 jun. 2016.
BERTIN, F. 2015. Auguste Bébian et les Sourds: Le chemin de l'émancipation. Tese de Doutorado, Centre de Recherches Interdisciplinaires en Histoire, Art et Musicologie, Université de Poitiers.
BERTIN, F. 2007. Les enfants sourds à l’école en France: pour un projet bilingue. Enfance, n.º 3, 59: 237-244. Paris.
BRITO, F.B. de. 2013. O movimento social surdo e a campanha pela oficialização da língua de sinais. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.
CÂMARA JR., J.M. 1975. História da linguística. Petrópolis: Vozes.
COSERIU, E. 1980. Lições de linguística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico.
CANTIN, A.; CANTIN, Y. 2017. Dictionnaire biographique des grands sourds en France: Les silencieux de France, 1450-1920. Paris: Archives et culture, DL, pp. 95-106.
CANTIN, Y. 2014. Les Sourds-Muets de la Belle Époque, une communauté en mutation. Tese de Doutorado, Centre de Recherches Historiques. École des Hautes Études en Sciences Sociales.
CONGRES universel pour l'amélioration du sort des avengles et des sourds-muets. 1879. Paris: Imprimerie Nationale.
Disponível em: https://archive.org/details/8VSUP122_29/page/n12. Acessado em: 04 maio 2016.
CUXAC, C. 1983. Le langage des sourds. Paris: Payot.
CYRANKA, L.F.M. 2014. Evolução dos estudos linguísticos. Revista Práticas de Linguagem, 4.2: 160-198. Juiz de Fora.
FERNANDES, L. 2011. Depoimentos de ouvintes universitários sobre a escrita da Língua de Sinais. Dissertação de Mestrado, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina.
FREITAS, G. de M. 2016. Singularidades entrelaçadas: os cursos de formação/especialização de professores de deficientes auditivos - Brasil e Portugal (1950-1980). Tese de Doutorado, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
GAGNEBIN, J.M. 2015. Walter Benjamin - esquecer o passado? In: MACHADO, C.E.J.; MACHADO JR., R.; VEDDA, M. (Org.). Walter Benjamin. Experiência histórica e imagens dialéticas. São Paulo: Editora UNESP, pp. 3-12.
GOMES, G.N.C. 2009. Uso de fóruns para o estudo da escrita da língua de sinais. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Ceará.
JOUTARD, P. 2000. Desafios à História Oral do século XXI. In: FERREIRA, M. de M.; FERNANDES, T.M.; ALBERTI, V. (Org.). História Oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz/CPDOC - Fundação Getúlio Vargas, pp. 31-45.
KARACOSTAS, A. 1993. Looking Back: A Reader on the History of Deaf Communities and Their Sign Languages, ed. R. Fischer and H. Lane. Hamburg: Signum.
KELMAN, C.A. 2012. Multiculturalismo e surdez: respeito às culturas minoritárias. In: LODI, A.C.B. et al. Letramento, bilinguismo e educação de surdos. Porto Alegre: Mediação, pp. 49-70.
KYLE, J.G.; WOLL, B. 1985. Sign Language: the study of deaf people and their language. Cambridge, Cambridge University Press.
LACERDA, C.B.F. de. 1996. O processo dialógico entre aluno surdo e educador ouvinte: examinando a construção de conhecimentos. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.
LAGE, A.L. da S.; KELMAN, C.A. 2019. Educação de surdos pelo professor surdo Ferdinand Berthier: encarando desconcertantes paradoxos e longevas lições. Revista Brasileira de História da Educação, 19: 1-23.
LAGE, A.L. da S.; KELMAN, C.A. 2018. Por um debate democrático: políticas de saúde e educação intervenientes na subjetividade de pessoas surdas. In: KELMAN; C.A; OLIVEIRA, T.F. de; ALMEIDA, S.A. (Org.). Surdez: comunicação, educação e inclusão. Curitiba: CRV, pp. 47-62.
LAGE, A.L. da S. 2019. Professores Surdos na Casa dos Surdos: “Demorou muito, mas voltaram”. Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
LAGE, A. L. da S. 2016. O implante coclear no processo de medicalização e produção de subjetividades surdas - ou - Do sofrimento e da resistência. In: Comissão de Psicologia e Educação do CRP-RJ (Org.). Conversações em Psicologia e Educação. Rio de Janeiro: Conselho Regional de Psicologia 5ª Região, pp. 23-40.
MARCUSCHI, L.A. 2002. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: M.A. BEZERRA; A.P. DIONÍSIO; A.R. MACHADO (Org.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, p. 19-36.
QUADROS, R.M. de; KARNOPP, L. 2004. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: ArtMed.
QUARTARARO, A.T. 2002. The Life and Times of the French Deaf Leader, Ferdinand Berthier: An Analysis of His Early Career. Sign Language Studies, 2.2: 182-196, Winter (Article) Published by Gallaudet University Press
For additional information about this article Access provided by UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: https://doi.org/10.1353/sls.2002.00072002. Acesso em: 06 jun. 2017.
RODRIGUES, J.R. 2018. As seções de surdos e de ouvintes no Congresso de Paris (1900): problematizações sobre o pastorado e a biopolítica na educação de surdos. Dissertação de Mestrado, Centro de Educação, Universidade Federal do Espírito Santo.
SACKS, O. 1998. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras.
SICARD, R-A.C. 1808. Théorie des signes, ou Introduction à l'étude des langues. Lyon: Biblioteca Pública de Lyon.
Disponível em: https://books.google.ru/books?id=kz1C4n-FbTgC.
Acessado em: 07 jun. 2018.
SOUZA, R.M. de. 2003. Intuições "linguísticas" sobre a língua de sinais, nos séculos XVIII e XIX, a partir da compreensão de dois escritores surdos da época. DELTA [online], 19.2 : 329-344.
STINCKWICH, M.B. 2006. L’Institut National de Jeunes Sourds de Paris. Paris. Disponível em: http://www.injs-paris.fr/page/lhistorique
Acessado em: 10 ago. 2014.
STOKOE, W. 1960. Sign Language Structure: An outline of the visual communication systems of the American Deaf. New-York: University of Buffalo.
STUMPF, M.R. 2005. Aprendizagem de escrita de língua de sinais pelo sistema SignWriting: língua de sinais no papel e no computador. Tese de Doutorado, Centro de Estudos Interdisciplinares em Novas Tecnologias ne Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
TRASK, R.L.; MAYBLIN, B. 2013. Entendendo linguística. São Paulo: LeYa.
TUXI, P. 2009. A atuação do Intérprete Educacional no Ensino Fundamental. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília.
TYLOR, E.B. 1870. Researches into the early history of mankind. Londres: Murray.
VIGOTSKI, L.S. 1997. Fundamentos de Defectologia. Madrid, España: Visor.
VILANOVA, M. Significado do X Congresso Internacional de História Oral. In: FERREIRA, M. de M.; FERNANDES, T.M.; ALBERTI, V. (Org.). 2000. História Oral: desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz/CPDOC - Fundação Getúlio Vargas, pp. 19-21.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.