Bilinguismo para surdo. Bilinguismo para indígena. Como (deve) se configura(r) o universo linguístico de um surdo indígena?
DOI:
https://doi.org/10.23925/2318-7115.2020v41i1a12Palavras-chave:
Língua(s), Identidade, Surdo indígena terena, Embate linguísticoResumo
Ao concentrar nossos olhares na incidência das regularidades enunciativas que atravessam so dizeres do surdo Terena e como se dá essa identidade atravessada e interpelada por quatro línguas, buscamos compreender so modos de dizer nos quais são evocadas as representações do índio surdo acerca da língua/linguagem por meio dos sinais de identificação dos surdos indígenas com a pluralidade linguística em que estão imersos. Desse modo, o indígena surdo é trazido para o centro da nossa investigação por meio de entrevistas gravadas/filmadas em vídeo em língua de sinais, transcritas, na cidade de Miranda-MS, no ano de 2015. Para tanto, valemo-nos das contribuições teóricas da perspectiva discursiva, por entendermos que o discurso se constitui sobre o primado dos interdiscursos, construído, sobretudo, pela presença do o(O)utro, pela heterogeneidade, com auxílio do suporte teórico-metodológico foucaultiano, o arqueogenealógico, que vem suplementar as metodologias teóricas da perspectiva discursiva.
Metrics
Referências
ALBRES, N. A. 2011. História da Língua Brasileira de Sinais em Campo Grande, 2005 – MS.
AUTHIER-REVUZ, J. 1990. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Trad. Celene Cruz e W. Geraldi. Caderno de Estudos Linguísticos, n. 19. Campinas: Editora Unicamp, 1990, p. 25-42.
BAUMAN, Z. 2005. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
BHABHA, H. K. 2001. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila. Belo Horizonte: Editora UFMG.
BRASIL. 2014. Relatório sobre a política Linguística de Educação Bilíngue – Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Portarias nº 1.060/2013 e nº 91/2013. Brasília: MEC/SECADI.
_______. 2005. Decreto n. 5626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras.
_______. 1996. Lei Federal nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, DF.
_______. 1991. Portaria nº 559, de 16 de abril de 1991. Brasília, DF: MEC.
_______. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado.
_______. 1973. Lei nº 6.001, 19 de dezembro de 1973. Estatuto do Índio. Brasília, DF.
_______. 1961. Lei Federal nº 4.024/61, 20 de dezembro de 1961. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília, DF.
CAVALLARI, J. S. 2011a.O lugar da língua materna na constituição identitária do sujeito bilíngue. In: CAVALLARI, J. S.; UYENO, E. Y. (org.) Bilinguismos: Subjetividade e Identificações nas/pelas Línguas Maternas e Estrangeiras. Campinas, SP: Pontes.
___________. 2011b. A angústia constitutiva da identidade de professores em formação. In: CORACINI, M. J. R. F; GHIRALDELO, C. M. (org.) Nas malhas do discurso: memória, imaginário e subjetividade. Formação de professores (línguas materna e estrangeiras) leitura e escrita. Campinas, SP: Pontes.
CORACINI, M. J. F. 2011b. Identidades silenciadas e (in)visíveis: entre a inclusão e a exclusão (Identidade, pobreza, situação de rua, mudança social, formação de professores). Campinas: Pontes.
____________. 2007. A celebração do outro: arquivo, memória e identidade. Campinas: Mercado de Letras.
____________.2003. Identidade & discurso (des)construindo subjetividades. Campinas: Editora Unicamp: Chapecó: Argos Editora Universitária, 2003.
DALCIN, G. 2006. Um estranho no ninho: estudo psicanalítico sobre a constituição da subjetividade do sujeito surdo. In.: QUADROS, R. M.(org.). Estudos Surdos I. Petrópolis, RJ: Arara Azul, p. 186-215.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. 1994. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais.
FERREIRA BRITO, L. 1989. Necessidade psico-social e cognitiva de um bilingüismo para o surdo. Trabalhos em Lingüística Aplicada, Campinas: Editora da Unicamp, v.3, n.14 p.90 - 100 jul./dez.
FOUCAULT, M. 2007. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, [Trabalho original publicado em 1969].
____________. 1997. Os anormais. In: Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Tradução de Andréa Daher. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 59-68.
____________. 1996. A ordem do discurso. Tradução de Laura F. de A. Sampaio. 15. ed. São Paulo: Edições Loyola, [Trabalho original publicado em 1972].
____________. 1987. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. R.Ramalhete. Petrópolis: Vozes.
KARNOPP, L. B. 1999. Aquisição fonológica na Língua Brasileira de Sinais: Estudo longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre.
MASCIA, Márcia. A. A. 2014. Do corpolinguagem ao corpo-escrita: Mal-estar-entre-línguas e modos de identificação de um surdo. In: UYENO, E. Y.; CAVALLARI, J. S. e MASCIA, M. A. A. Mal-estar na inclusão: como (não) se faz. Campinas: Mercado de Letras, 2014. p. 299-316.
___________.; SILVA JUNIOR, A. 2014. A construção d identidade do sujeito surdo nas entre-línguas: orais e espaçovisuais. In: UYENO, E. Y.; CAVALLARI, J. S. e MASCIA, M. A. A. Mal-estar na inclusão: como (não) se faz. Campinas: Mercado de Letras, 2014. p. 299-316.
MUSSATO, Michelle S. (2017) O que é ser índio sendo surdo?: Um olhar transdisciplinar. Dissertação (Mestrado em Letras) Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas.
ORLANDI, E. 1999. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 6. ed. São Paulo: Pontes.
PÊCHEUX, M. 1990. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET F.; HAK, T. (org.) Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. de Eni P. Orlandi. Campinas: Unicamp.
PERLIN, G.; STROBEL, K. L. 2006. Fundamentos da educação de surdos. Florianópolis, UFSC.
PORTO, A. M. 2012. Um olhar discursivo sobre as representações de língua e linguagem dos professores Terena. Dissertação (Mestrado em Letras) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas.
QUADROS, R. M. 1997. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: ARTMED.
RAMOS, M. A. da S.; LIMBERTI, R. de C. A. P. 2013. Trajetória da educação escolar para indígenas: o percurso de construção de sentido. In: LIMBERTI, R. de C. A. P.; GUERRA, V. M. L.; NOLASCO, E. C. (org.). Olhares sobre a constituição do sujeito contemporâneo: cultura e diversidade. Dourados: Editora UFGD.
REVUZ, C. 1998. A língua estrangeira entre o desejo de um outro e o risco do exílio. Tradução Silvana Serrani-Infante. In: SIGNORINI, I. (org.). Língua(gem) e Identidade: elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado de Letras; São Paulo: Fapesp, 1998, p. 213-230.
RIGHI, E. 2011. Numa babel de línguas, o encontro com o outro e o desencontro consigo mesmo. In: UYENO, E. Y.; CAVALLARI, J. S. (org.). Bilinguismos: subjetivação e identificação nas/pelas línguas maternas e estrangeiras. Campinas: Pontes Editores, 2011, p. 235-259.
SACKS, O. W. 1998. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras.
SILVA, D.; SOBRINHO, M. de L. E. 2010. Educação escolar indígena: a língua terena e suas nuanças. In: ROSA, A. M.; SOUZA, C. C. de; SILVA, D. (org.). Povos indígenas: mitos, educação escolar e realidade histórico-cultural, Campo Grande: UFMS.
SKLIAR, C. 1998. Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Meditação, 1998.
STOBEL, K. L. 2009. História da educação de surdos. Florianópolis: UFSC.
TAVARES, C. N. V. 2010. Identidade itine(r)rante: o (des)contínuo (des)apropriar-se da posição de professor de língua estrangeira. 265 f. Tese (doutorado em Linguística Aplicada) Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
VILHALVA, S. 2012. Mapeamento das línguas de sinais emergentes: um estudo sobre as comunidades linguísticas Indígenas de Mato Grosso do Sul. Dissertação (Mestrado – Centro de Comunicação e Expressão). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.