Perspectiva glotopolítica e letramento em línguas

um diálogo convergente para a pesquisa em política linguística

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-7115.2024v45i4e65129

Palavras-chave:

Multilinguismo, Educação linguística, Glotopolítica, Letramento em Línguas

Resumo

Neste artigo colocamos em diálogo a perspectiva glotopolítica (Guespin e Marcellesi, 2022 [1986]; Arnoux, 2000) e os Estudos de Letramento (Street, 2014 [1995]; Pinheiro e Azzari, 2023) mais especificamente o Letramento em Línguas (Galli, 2022), para refletir sobre os princípios de uma política linguística (Lagares, 2018) face a uma educação multilíngue no Sul Global. Assumindo a diversidade linguística e cultural existente em países pós-coloniais como o Brasil, assim como as múltiplas formas em que as línguas se fazem presentes no momento atual, marcado pela superdiversidade (Blommaert e Rampton, 2011), uma política educativa multilíngue deve desterrar conceitos e procedimentos surgidos da ideologia monolíngue. Isso significa centrar o processo de ensino-aprendizagem nas práticas de linguagem que se dão em situações sociais e culturais concretas, considerando as representações aí implicadas a partir de uma perspectiva assumidamente intercultural, com o objetivo de promover uma aprendizagem significativa e socialmente situada.

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Biografia do Autor

Joice Armani Galli, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

Professora Associada 3, Língua e Literatura Francesa, Departamento de Letras Estrangeiras Modernas, Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2024-09-02

Como Citar

Lagares, X. C., & Galli, J. A. (2024). Perspectiva glotopolítica e letramento em línguas: um diálogo convergente para a pesquisa em política linguística. The Especialist, 45(4), 11–37. https://doi.org/10.23925/2318-7115.2024v45i4e65129