Património Natural, o Montado Alentejano, como produto turístico e potenciador do desenvolvimento no destino
DOI:
https://doi.org/10.23925/2178-2911.2023v23espp356-374Palavras-chave:
Alentejo Cork Oak Forest; Natural heritage; Mounted Portuguese; Nature Tourism; CorkResumo
Resumo
O turismo sustentável e a preservação do património natural, como o montado alentejano, estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento local, promovendo a conservação ambiental, a diversificação económica e o enriquecimento cultural das comunidades. A adoção de práticas sustentáveis no setor turístico é fundamental para garantir a viabilidade e a perpetuação desses recursos naturais, proporcionando benefícios a longo prazo para a região e para as gerações futuras. O montado alentejano desempenha múltiplas funções, desde a conservação de biodiversidade até à geração de produtos económicos. A vegetação característica, composta por sobreiros e azinheiras, oferece habitat e abrigo para uma diversidade de espécies animais e vegetais, incluindo algumas espécies endémicas e ameaçadas. Essa riqueza biológica é fundamental para a manutenção da biodiversidade regional e para a promoção da resiliência do ecossistema. Contudo, o montado alentejano é uma fonte de produção de cortiça, um material sustentável amplamente utilizado em diversas indústrias. Em Portugal, a nossa representatividade abrange cerca de 50% da transformação mundial, possuindo o sobreiro uma área florestal de 22% no país. Como destino turístico, o montado alentejano desempenha um papel de chamariz para os visitantes interessados em experiências autênticas e um contato direto com a natureza. A beleza cênica, as oportunidades de turismo de natureza e a possibilidade de aprender sobre a importância do montado para o ecossistema local são elementos atrativos que estimulam o turismo sustentável na região. Posto isto, defendo o montado alentejano, como um património natural e rico em Portugal, seja candidato num futuro próximo a Património Mundial da Humanidade, tal como, a paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro ou o parque arqueológico do Vale do Côa.
Palavras-chave: Montado Alentejano; Património Natural; Montado Português; Turismo de Natureza; Cortiça
Abstract
Sustainable tourism and the preservation of natural heritage, such as the Alentejo montado, are intrinsically linked to local development, promoting environmental conservation, economic diversification, and cultural enrichment for communities. The adoption of sustainable practices in the tourism sector is essential to ensure the viability and perpetuation of these natural resources, providing long-term benefits for the region and future generations. The Alentejo montado serves multiple functions, from biodiversity conservation to the generation of economic products. The characteristic vegetation, composed of cork oaks and holm oaks, provides habitat and shelter for a diverse range of animal and plant species, including some endemic and threatened species. This biological wealth is fundamental for maintaining regional biodiversity and promoting ecosystem resilience. However, the Alentejo montado is also a source of cork production, a sustainable material widely used in various industries. In Portugal, our representation covers around 50% of global transformation, with cork oak forests accounting for 22% of the country’s forested area. As a tourist destination, the Alentejo montado plays a role in attracting visitors interested in authentic experiences and direct contact with nature. The scenic beauty, opportunities for nature tourism, and the chance to learn about the importance of the montado for the local ecosystem are appealing elements that stimulate sustainable tourism in the region. Given these factors, I advocate for the Alentejo montado, as a natural and rich heritage in Portugal, to be considered as a future candidate for UNESCO World Heritage status, similar to the Alto Douro Wine Region or the Côa Valley Archaeological Park.
Keywords: Alentejo Cork Oak Forest; Natural heritage; Mounted Portuguese; Nature Tourism; Cork
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