O Padre e a Peste – e o método Karamázov
DOI:
https://doi.org/10.19143/2236-9937.2018v8n16p165-202Palavras-chave:
A Peste, Teodiceia, Abstração, Albert Camus, Ivan KaramázovResumo
No romance A Peste, o literato franco-argelino, Albert Camus, alçou pensar o tema da teodiceia cristã, especialmente através da figura do padre Paneloux. O recorte consiste na análise deste personagem. O intento é notar como Camus assume a teodiceia cristã sob o formato de uma abstração religiosa que será posta em choque com a realidade torturante da peste. Nestes termos se traduz a história do padre Paneloux, ou seja, no seu esforço racional e dogmático para explicar religiosamente a presença do mal e do sofrimento no mundo, sem contanto negar a crença em Deus. Seguir a trajetória deste padre permite conferir a desconstrução das abstrações ante a força esmagadora da evidência do mal e da morte. Por assim dizer, a teodiceia que acompanha o padre se revelará tal como é, abstração, diante da tortura acompanhada, minuto a minuto, de uma criança inocente acometida pelos sintomas da peste. Este episódio emblemar do romance mostrar-se-á, nesse ínterim, um vestígio revelador da influência romanesca do literato russo, Fiódor Dostoiévski, sobre a obra camusiana. Isto é, no mirar deste artigo, é possível notar como Albert Camus apropria-se do linguajar de Ivan Karamázov para enfrentar as abstrações religiosas do padre Paneloux.
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