Bernanos: Católico e Antimoderno
DOI:
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v22p238-255Palabras clave:
Bernanos, modernidade, tédioResumen
A obra de Georges Bernanos está inserida no que se define por “romance católico”, rótulo sob o qual se estabeleceu uma tradição que reúne uma diversidade de escritores, o que não significa necessariamente que todos se inclinem em um exercício dogmático e militante, nem mesmo que suas obras possam ser consideradas a expressão de um pensamento cristão. Antes disso, o “romance católico” manifesta-se, tanto na França, quanto no Brasil, como mais uma antítese da Cidade de Deus agostiniana, pela qual se pode perscrutar uma crítica mística ao mundo contemporâneo. A modernidade, nesse sentido, é o que faz emergir uma neocristandade no início do século XX, à qual muitos escritores, distantes da igreja dogmática, mas engajados nos tópicos espirituais, debruçaram-se. Considerar a obra bernanosiana como a simples expressão de um pensamento cristão seria, nas palavras de PICON (1948), para os não cristãos, como estar “diante da porta de um jardim selado”. Tal abordagem anularia o universo que se abre a partir da superfície religiosa e que se oferece como um desdobramento das investigações do mundo moderno. É nesse sentido que Bernanos, escritor católico, é antes um intelectual que experimenta, a partir de seu deslocamento, de uma vida de degredo físico e de busca espiritual, das encruzilhadas entre a razão e a fé, uma curva católica e espiritualista, da qual não apenas sofre suas influências, mas à qual também contribui em grande parte com a sua consolidação.
Citas
BASTAIRE, Jean. Apresentação. In: BERNANOS, Georges. Joana, relapsa e santa. Tradução de São Paulo: É Realizações, 2013.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I – Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Rouanet. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.
BERNANOS, Georges. A França contra os robôs. Tradução de Lara Christina de Malimpensa. São Paulo: É Realizações, 2018.
BERNANOS, Georges. Diário de um pároco de aldeia. Tradução de Edgar da Mata-Machado. São Paulo: É Realizações, 2011.
BERNANOS, Georges. Oeuvres romanesques: suivies de Dialogues des carmélites. Paris: Gallimard, 2009
BERNANOS, Georges. La France contre les robots. Paris: Plon, 1970.
BERNANOS, Georges. Sob o Sol de Satã. Tradução de Jorge de Lima. São Paulo: É Realizações, 2010.
BERNANOS, Georges. Joana, relapsa e santa. Tradução de Pedro Sette-Câmara. São Paulo: É Realizações, 2013b.
BUSH, William. Souffrance et expiation dans la pensée de Bernanos. Paris: Lettres Modernes, 1962.
ESTÈVE, Michel. Le sens de l’amour dans les romans de Bernanos. Paris: Lettres Modernes, 1959.
ESTÈVE, Michel. Biographie. In: BERNANOS, Georges. Oeuvres romanesques: suivies de Dialogues des carmélites. Paris: Gallimard, 2009. p. 35-60.
FRANCO, Virgílio de Mello. Homenagem a Bernanos. In: SARRAZIN, Hubert. Bernanos no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1968, p. 75-84.
LIMA, Alceu Amoroso. Bernanos no Brasil. In: SARRAZIN, Hubert. Bernanos no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1968, p. 21-31.
PICON, Gaëtan. Georges Bernanos. Paris: Robert Marin, 1948.
PICON, Gaëtan. Bernanos romancier. In: Oeuvres romanesques: suivies de Dialogues des carmélites. Paris: Gallimard, 2009. p. 9-34.
SARRAZIN, Hubert. Bernanos no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1968.
SARRAZIN, Hubert. Bernanos e seus amigos no Brasil. In: SARRAZIN, Hubert. Bernanos no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1968, p. 1-14.
SVENDSEN, Lars. Filosofia do tédio. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Teoliteraria - Revista de Literaturas y Teologías (On Line) ISSN 2236-9937
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
La Teoliteraria - Revista Brasileira de Literaturas e Teologías es detentora de los derechos autorales de todos los artículos publicados por ella. La reproducción total de los artículos de ésta revista en otras publicaciones, o para cualquier otro fin, por cualquier medio requiere autorización por escrito del editor de este periódico. Reproducciones parciales de artículos (resúmenes, abstrac, más de 500 palabras de texto, tablas, figuras y otras ilustraciones) deberán tener permiso por escrito del editor y de los autores.