Retórica no De libero arbitrio de Agostinho de Hipona
DOI :
https://doi.org/10.19143/2236-9937.2016v1n2p35-67Résumé
Este trabalho procura demonstrar de que modo os três livros do diálogo filosófico-teológico de Agostinho de Hipona, De libero arbitrio, situa-se também no âmbito da “retórica”, ou, grosso modo, no âmbito do “discurso”. Evidencia-se ainda que discurso algum, nem o que se diz filosófico ou teológico, pode prescindir dos recursos que a ars rhetorica oferece, como pretendia Platão. Nem mesmo, pode-se dizer, o discurso que se diz “religioso”, que se pretende em busca de uma Verdade única, para muito além do eikós. Por conseguinte, sendo um e outro, ao mesmo tempo filosófico e religioso, dialético e teológico, procurou-se fazer ver que o De libero arbitrio pode sim ser compreendido e estudado como “discurso”. E como tal, é dotado de “intencionalidade”, ou seja, neste sentido técnico é, sim, “retórico”, mas não no sentido pejorativo e preconceituoso do termo, imposto por parte da obra de Platão, e que legou rastro tenaz, e sim no que Aristóteles, Cícero e os modernos pesquisadores da arte retórica lhe atribuem, como “produção verbal”, produção esta que é cuidadosamente elaborada, planejada e burilada a fim de que possa não apenas ensinar, mas também deleitar e levar à ação.
Palavras-chave: Agostinho. Retórica. Discurso. Gêneros retóricos. Filosofia cristã.
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